quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Justiça vai apurar ofensas contra nordestinos na internet - Juliano Costa

Justiça vai apurar ofensas contra nordestinos na internet
Qua, 03 Nov

Por Juliano Costa, da Redação Yahoo! Brasil


A OAB de Pernambuco entrou nesta quarta-feira com uma notícia-crime no Ministério Público Federal em São Paulo contra a estudante de direito Mayara Petruso, que chocou o Brasil com mensagens racistas postadas no Twitter logo após a eleição de Dilma Rousseff no domingo.

Vários usuários se manifestaram de forma ofensiva aos nordestinos, mas, segundo a asessoria de imprensa da OAB-PE, a ação será concentrada em Mayara "porque foi ela quem começou". Dentre vários posts ofensivos, Mayara escreveu: "'Nordestisto' não é gente. Faça um favor a SP: mate um nordestino afogado" (sic).

Caberá ao Ministério Público Federal investigar o caso, e decidir se Mayara é passível de punição. A garota será alvo de duas ações: uma por racismo e outra por "incitação pública ao ato delituoso". A primeira estipula pena de 2 a 5 anos de detenção, e a segunda, de 3 a 6 meses de reclusão ou multa. O crime de racismo é imprescritível e inafiançável.

O escritório de advocacia Peixoto e Cury Advogados, em São Paulo, onde Mayara era estagiária, divulgou nota nesta quarta-feira lamentando a postura da estudante. Ela já não trabalha mais no escritório. "Com muito pesar e indignação, (o Peixoto e Cury Advogados) lamenta a infeliz opinião pessoal emitida, em rede social, pela mesma, da qual apenas tomou conhecimento pela mídia e que veemente é contrário, deixando, assim, ao crivo das autoridades competentes as providências cabíveis", diz o escritório, em nota divulgada à imprensa.

Não é a primeira ação na Justiça que apura crimes de xenofobia contra nordestinos praticados na internet. O Ministério Público Federal investiga denúncias de racismo por parte de membros de uma comunidade no Orkut chamada "Eu odeio nordestinos". O tumblr Xenofobia Não reúne uma série de "print screens" de ofensas de usuários a nordestinos no Twitter, como "Só Hitler acaba com a raça dos petistas, construindo câmara de gás no Nordeste e matando geral" .

O objetivo da ação contra Mayara, segundo a OAB-PE, é acabar com a percepção que existe de que manifestações odiosas na internet acabam impunes.

http://br.noticias.yahoo.com/s/03112010/48/manchetes-justica-apurar-ofensas-nordestinos-na.html

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Cânticos racistas no Cagliari x Inter

Itália: Árbitro teve de interromper o jogo aos 3 minutos

O árbitro Paolo Tagliavento interrompeu ontem o Cagliari-Inter de Milão (0-1) e ameaçou o público de que não recomeçaria a partida se continuassem a ser entoados cânticos racistas contra Samuel Eto’o, do Inter.

18 Outubro 2010Nº de votos (2) Comentários (0) Por:César Lopes


Durante três minutos, o juiz conversou com os capitães das duas equipas e pediu ao locutor do estádio para avisar os espectadores de que os jogadores iriam recolher aos balneários se os insultos não parassem. A ameaça surtiu efeito, e a partida, interrompida no minuto três, recomeçou sem mais incidentes nas bancadas do Comunale Sant’Elia.

Já a resposta do camaronês não podia ter sido melhor. O avançado acabou por ser decisivo, ao apontar o golo (39’) que deu a vitória ao Inter e que permitiu aos campeões italianos igualarem o AC Milan no campeonato, com 14 pontos.

Este tipo de actos discriminatórios começa a ser algo banal no futebol italiano, que vai acumulando novas polémicas a cada jornada. Em 2005, o caso do costa-marfinense Marc Zoro correu meio Mundo. O defesa do Benfica, na altura ao serviço do Messina, quis abandonar o relvado numa partida frente ao Inter, depois de ser alvo de cânticos de teor racista. Mario Balotelli, do M. City, é outro jogador que foi vítima de insultos xenófobos, quando representava o Inter.

fonte: http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/sport/desporto/canticos-racistas-no-cagliari-inter

terça-feira, 21 de setembro de 2010

O Brasil dos brancos é rico; dos negros, muito pobre...

Prof Paixão: quando o Brasil terá os índices do Brasil só dos brancos ?

O programa Entrevista Record Atualidade que a Record News exibiu ontem mostrou uma entrevista com o professor Marcelo Paixão, do Instituto de Economia da UFRJ. Ele mostrou alguns dados que deveriam dar muito orgulho aos brasileiros (da elite):
Os negros brasileiros vivem seis anos menos que os brancos.
O número de analfabetos negros é o dobro do número de brancos.
A renda dos negros é a metade da renda dos brancos.
Os negros ficam dois anos a menos na escola que os brancos.
Se desmontarmos os números do IDH, índice do desenvolvimento humano, da ONU, veremos que se o Brasil fosse só dos brancos (O SONHO DA ELITE BRASILEIRA …) ficaria na 40a. posição do IDH.
O Brasil está na 70a.
Mas, se fosse só de negros, seria um país pobre africano e ficaria na 104a. posição.
Não, nada disso, nós não somos racistas.

Tanto assim, demonstra o professor Paixão, que entre 2003 e 2009 foram libertados 40 mil brasileiros.
Isso mesmo, amigo navegante, “libertados”, ou seja, abandonaram a posição de escravos, porque viviam em fazendas sob o regime servil: não recebiam remuneração para poder pagar dívidas impagáveis. Desses 40 mil escravos, 73,5% eram negros.

Ora direis, mas o Brasil é um país negro.
Sim, 50,5% da população é negra.
Mas, dos escravos, 73,5% são negros.
Não, amigo navegante, o professor Paixão exagera.
Não, não somos um país racista.

A última coisa de que o Brasil precisa é de ações afirmativas, como, por exemplo, cotas para negros nas universidades. Isso é recurso de país pobre, subdesenvolvido, como os Estados Unidos. E viva a democracia racial do Brasil !
Viva !

http://aldeiagriot.blogspot.com/2010/05/o-brasil-dos-brancos-e-rico-dos-negros.html

Desigualdade: o Brasil é rico, mas não é justo - Frei Betto

Relatório da ONU (Pnud), divulgado em julho, aponta o Brasil como o terceiro pior índice de desigualdade no mundo. Quanto à distância entre pobres e ricos, nosso país empata com o Equador e só fica atrás de Bolívia, Haiti, Madagascar, Camarões, Tailândia e África do Sul.

Aqui temos uma das piores distribuições de renda do planeta. Entre os 15 países com maior diferença entre ricos e pobres, 10 se encontram na América Latina e Caribe. Mulheres (que recebem salários menores que os homens), negros e indígenas são os mais afetados pela desigualdade social. No Brasil, apenas 5,1% dos brancos sobrevivem com o equivalente a 30 dólares por mês (cerca de R$ 54). O percentual sobe para 10,6% em relação a índios e negros.

Na América Latina, há menos desigualdade na Costa Rica, Argentina, Venezuela e Uruguai. A ONU aponta como principais causas da disparidade social a falta de acesso à educação, a política fiscal injusta, os baixos salários e a dificuldade de dispor de serviços básicos, como saúde, saneamento e transporte.

É verdade que nos últimos dez anos o governo brasileiro investiu na redução da miséria. Nem por isso se conseguiu evitar que a desigualdade se propague entre as futuras gerações. Segundo a ONU, 58% da população brasileira mantém o mesmo perfil social de pobreza entre duas gerações. No Canadá e países escandinavos, este índice é de 19%.

O que permite a redução da desigualdade é, em especial, o acesso à educação de qualidade. No Brasil, em cada grupo de 100 habitantes, apenas 9 possuem diploma universitário. Basta dizer que, a cada ano, 130 mil jovens, em todo o Brasil, ingressam nos cursos de engenharia. Sobram 50 mil vagas... E apenas 30 mil chegam a se formar. Os demais desistem por falta de capacidade para prosseguir os estudos, de recursos para pagar a mensalidade ou necessidade de abandonar o curso para garantir um lugar no mercado de trabalho.

Nas eleições deste ano votarão 135 milhões de brasileiros. Dos quais, 53% não terminaram o ensino fundamental. Que futuro terá este país se a sangria da desescolaridade não for estancada?

Há, sim, melhoras em nosso país. Entre 2001 e 2008, a renda dos 10% mais pobres cresceu seis vezes mais rapidamente que a dos 10% mais ricos. A dos ricos cresceu 11,2%; a dos pobres, 72%. No entanto, há 25 anos, de acordo com dados do IPEA, este índice não muda: metade da renda total do Brasil está em mãos dos 10% mais ricos do país. E os 50% mais pobres dividem entre si apenas 10% da riqueza nacional.

Para operar uma drástica redução na desigualdade imperante em nosso país é urgente promover a reforma agrária e multiplicar os mecanismos de transferência de renda, como a Previdência Social. Hoje, 81,2 milhões de brasileiros são beneficiados pelo sistema previdenciário, que promove de fato distribuição de renda.

Mais da metade da população do Brasil detém menos de 3% das propriedades rurais. E apenas 46 mil proprietários são donos de metade das terras. Nossa estrutura fundiária é a mesma desde o Brasil império! E quem dá emprego no campo não é o latifúndio nem o agronegócio, é a agricultura familiar, que ocupa apenas 24% das terras, mas emprega 75% dos trabalhadores rurais.

Hoje, os programas de transferência de renda do governo (incluindo assistência social, Bolsa Família e aposentadorias) representam 20% do total da renda das famílias brasileiras. Em 2008, 18,7 milhões de pessoas viviam com menos de metade do salário mínimo. Se não fossem as políticas de transferência, seriam 40,5 milhões. Isso significa que, nesses últimos anos, o governo Lula tirou da miséria 21,8 milhões de pessoas. Em 1978, apenas 8,3% das famílias brasileiras recebiam transferência de renda. Em 2008 eram 58,3%.

É uma falácia dizer que, ao promover transferência de renda, o governo está "sustentando vagabundos". O governo sustenta vagabundos quando não pune os corruptos, o nepotismo, as licitações fajutas, a malversação de dinheiro público. Transferir renda aos mais pobres é dever, em especial num país em que o governo irriga o mercado financeiro engordando a fortuna dos especuladores que nada produzem. A questão reside em ensinar a pescar, em vez de dar o peixe. Entenda-se: encontrar a porta de saída do Bolsa Família.

Todas as pesquisas comprovam que os mais pobres, ao obterem um pouco mais de renda, investem em qualidade de vida, como saúde, educação e moradia.

O Brasil é rico, mas não é justo.
Relatório da ONU (Pnud), divulgado

12 de agosto de 2010

Desigualdade: o Brasil é rico, mas não é justo - Frei Betto

Em julho, aponta o Brasil como o terceiro pior índice de desigualdade no mundo. Quanto à distância entre pobres e ricos, nosso país empata com o Equador e só fica atrás de Bolívia, Haiti, Madagascar, Camarões, Tailândia e África do Sul.

Aqui temos uma das piores distribuições de renda do planeta. Entre os 15 países com maior diferença entre ricos e pobres, 10 se encontram na América Latina e Caribe. Mulheres (que recebem salários menores que os homens), negros e indígenas são os mais afetados pela desigualdade social. No Brasil, apenas 5,1% dos brancos sobrevivem com o equivalente a 30 dólares por mês (cerca de R$ 54). O percentual sobe para 10,6% em relação a índios e negros.

Na América Latina, há menos desigualdade na Costa Rica, Argentina, Venezuela e Uruguai. A ONU aponta como principais causas da disparidade social a falta de acesso à educação, a política fiscal injusta, os baixos salários e a dificuldade de dispor de serviços básicos, como saúde, saneamento e transporte.

É verdade que nos últimos dez anos o governo brasileiro investiu na redução da miséria. Nem por isso se conseguiu evitar que a desigualdade se propague entre as futuras gerações. Segundo a ONU, 58% da população brasileira mantém o mesmo perfil social de pobreza entre duas gerações. No Canadá e países escandinavos, este índice é de 19%.

O que permite a redução da desigualdade é, em especial, o acesso à educação de qualidade. No Brasil, em cada grupo de 100 habitantes, apenas 9 possuem diploma universitário. Basta dizer que, a cada ano, 130 mil jovens, em todo o Brasil, ingressam nos cursos de engenharia. Sobram 50 mil vagas... E apenas 30 mil chegam a se formar. Os demais desistem por falta de capacidade para prosseguir os estudos, de recursos para pagar a mensalidade ou necessidade de abandonar o curso para garantir um lugar no mercado de trabalho.

Nas eleições deste ano votarão 135 milhões de brasileiros. Dos quais, 53% não terminaram o ensino fundamental. Que futuro terá este país se a sangria da desescolaridade não for estancada?

Há, sim, melhoras em nosso país. Entre 2001 e 2008, a renda dos 10% mais pobres cresceu seis vezes mais rapidamente que a dos 10% mais ricos. A dos ricos cresceu 11,2%; a dos pobres, 72%. No entanto, há 25 anos, de acordo com dados do IPEA, este índice não muda: metade da renda total do Brasil está em mãos dos 10% mais ricos do país. E os 50% mais pobres dividem entre si apenas 10% da riqueza nacional.

Para operar uma drástica redução na desigualdade imperante em nosso país é urgente promover a reforma agrária e multiplicar os mecanismos de transferência de renda, como a Previdência Social. Hoje, 81,2 milhões de brasileiros são beneficiados pelo sistema previdenciário, que promove de fato distribuição de renda.

Mais da metade da população do Brasil detém menos de 3% das propriedades rurais. E apenas 46 mil proprietários são donos de metade das terras. Nossa estrutura fundiária é a mesma desde o Brasil império! E quem dá emprego no campo não é o latifúndio nem o agronegócio, é a agricultura familiar, que ocupa apenas 24% das terras, mas emprega 75% dos trabalhadores rurais.

Hoje, os programas de transferência de renda do governo (incluindo assistência social, Bolsa Família e aposentadorias) representam 20% do total da renda das famílias brasileiras. Em 2008, 18,7 milhões de pessoas viviam com menos de metade do salário mínimo. Se não fossem as políticas de transferência, seriam 40,5 milhões. Isso significa que, nesses últimos anos, o governo Lula tirou da miséria 21,8 milhões de pessoas. Em 1978, apenas 8,3% das famílias brasileiras recebiam transferência de renda. Em 2008 eram 58,3%.

É uma falácia dizer que, ao promover transferência de renda, o governo está "sustentando vagabundos". O governo sustenta vagabundos quando não pune os corruptos, o nepotismo, as licitações fajutas, a malversação de dinheiro público. Transferir renda aos mais pobres é dever, em especial num país em que o governo irriga o mercado financeiro engordando a fortuna dos especuladores que nada produzem. A questão reside em ensinar a pescar, em vez de dar o peixe. Entenda-se: encontrar a porta de saída do Bolsa Família.

Todas as pesquisas comprovam que os mais pobres, ao obterem um pouco mais de renda, investem em qualidade de vida, como saúde, educação e moradia.

O Brasil é rico, mas não é justo.
Relatório da ONU (Pnud), divulgado

12 de agosto de 2010

Síntese de Indicadores Sociais 2010 do IBGE

Informação faz parte da Síntese de Indicadores Sociais 2010 do IBGE.
Aumentou frequência no nível superior entre estudantes de 18 a 24 anos

Um em cada dois jovens de 15 a 17 anos estava fora do nível de ensino adequado em 2009, mostra a Síntese de Indicadores Sociais 2010, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira (17).

Segundo a pesquisa, 50,9% dos adolescentes nessa faixa etária estavam no ensino médio em 2009. Em 1999, eram 32,7% e em 2004 eram 44,2%. Entre as regiões do país, o estudo mostra que no Nordeste apenas 39,2% dos jovens dessa faixa etária estavam no nível médio em 2009. No Sudeste, eram 60,5%, no Sul, 57,4%, no Centro-Oeste, 54,7% e no Norte, 39,1%.

Na comparação entre rendimento familiar per capita, entre os 20% mais pobres do país, somente 32% dos adolescentes de 15 a 17 anos estavam no ensino médio contra 78% entre os 20% mais ricos do país em 2009.

A baixa escolarização adequada dos adolescentes decorre de atrasos no ensino fundamental, de acordo com o estudo. "É fato constatado que a maioria das crianças brasileiras ingressa neste ciclo (ensino fundamental) sem antes ter cursado o pré-escolar, o que acarreta, no início do processo, um atraso em média de dois anos", afirma o texto da síntese.

O problema pode ser percebido com o reduzido progresso no número médio de anos de estudo concluídos das crianças de 10 a 14 anos de idade, entre 1999 e 2009. Os anos de estudo das crianças de 10 anos passou de 2,2 para 2,3 no período. Aos 14 anos, a mudança foi de 5 para 5,8 anos.

A partir dos 15 anos de idade, o brasileiro tinha, em média, 7,5 anos de estudo, o que significa que não conseguiu concluir o ciclo fundamental obrigatório, de acordo com a pesquisa. "As evidências estatísticas revelam uma média muito baixa de anos de estudo concluídos, especialmente se comparada a outros países dos mesmos níveis de desenvolvimento econômico e social", diz a síntese do IBGE.

* A situação é pior entre os pardos e pretos. Daqueles que têm 15 anos ou mais, cada um dos grupos tinha, em média, 6,7 anos de estudo em 2009 contra 8,4 anos de estudo da população branca.*

O estudo cita ainda a qualidade do conhecimento adquirido pelos estudantes dos ensino fundamental e médio. De acordo com o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). O índice estipula metas em torno de 6, em uma escala de 0 a 10, para 2021. Em 2009, o país teve 4,6 nas séries iniciais do ensino fundamental, 4 nas séries finais do mesmo nível e 3,6 no ensino médio.

A proporção de crianças de 0 a 5 anos escolarizadas melhorou. Foi de 23,3% em 1999 para 38,1% em 2009. Na faixa etária de 6 a 14 anos, a taxa foi se 94,2% em 1999 para 97,6% em 2009. Dos 15 a 17 anos, o índice foi de 78,5% para 85,2% no período.

*Ensino superior*

Na faixa etária de 18 a 24 anos, a maioria dos estudantes, 52%, ainda freqüentava nível de ensino abaixo do recomendado para a faixa etária. No entanto, a pesquisa do IBGE mostra que houve melhora na situação. Em 2009, 48% dos estudantes de 18 a 24 anos estavam no ensino superior contra 22,1% em 1999.

No ensino médio, a parcela dos estudantes de 18 a 24 anos diminuiu de 41% para 33,8%, no ensino fundamental passou de 24,8% para 8,3% e em outros, como cursinhos e educação de jovens e adultos, passou de 12,1% para 8,8%.

*O estudo mostra que 62,6% dos estudantes brancos de 18 a 24 anos cursavam o nível superior em 2009 contra 28,2% de pretos e 31,8% de pardos. A situação melhorou em relação a 1999, quando 33,4% dos brancos nessa faixa etária fazia o ensino superior contra 7,5% dos pretos e 8% dos pardos.*

*Abandono*

O Brasil mostra situação desfavorável na comparação com outros países da América Latina com relação às taxas de aprovação, reprovação e abandono, segundo a síntese do IBGE. Enquanto Chile, Paraguai e Venezuela têm taxas de aprovação superiores a 90% no ensino fundamental e médio, o Brasil tem taxas de 85,8% e 77% respectivamente. A Argentina tem 92,3% e 74,3% e o Uruguai tem 92% e 72,7% respectivamente.

As taxas de abandono do Brasil são 3,2% no ensino fundamental e 10% no ensino médio. No Chile, Paraguai e Venezuela, esses índices ficam abaixo de 3%. A Argentina tem 1,3% e 7% e o Uruguai tem 0,3% e 6,8% respectivamente.

Com relação à reprovação, o Brasil tem taxa de 11% no ensino fundamental e 13,1% no ensino médio. No Chile, Paraguai e Venezuela, os índices ficam abaixo de 8%. Na Argentina, são 6,4% e 18,8% e no Uruguai são 7,7% e 20,4% respectivamente.

*Educação e trabalho*

O país tinha apenas 15,2% das pessoas de 18 a 24 anos de idade economicamente ativas com mais de 11 anos estudo em 2009, mostra o IBGE. Em 1999, eram 7,9%. Com exatos 11 anos de estudo, eram 40,7% em 2009 e 21,7% em 1999.

Na faixa etária de 25 a 34 anos, a taxa era de 21,1% em 2009 contra 12,8% em 1999. Com exatos 11 anos de estudo, eram 34,9% em 2009 e 20,5% em 1999.

Segundo o estudo, o conceito de educação continuada se aplica às pessoas de 25 a 64 anos de idade e mostra o acesso à escola desse grupo na busca da melhora do nível educacional.

Em 2009, 5,7% desse grupo estava na escola. Entre as mulheres, a proporção é de 6,6%.

Na comparação com outros países, o Brasil também fica para atrás no grupo das pessoas de 25 anos ou mais. Esse grupo tem, em média, 7,1 anos de estudo. Dados da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) mostram que a maioria dos países-membros tem uma média superior a dez anos de estudo completos para a faixa etária de 25 a 64 anos. Como o Brasil, Portugal, México e Turquia são exceções.

* Segundo o IBGE, o país tinha 9,7% das pessoas de 15 anos ou mais analfabetas contra 13,3% em 1999. Entre os analfabetos, 32,9% têm 60 anos ou mais, 10,2% são pretos, 58,8% são pardos, 52,2% moram no Nordeste e 16,4% vivem com meio salário mínimo de renda familiar per capita.*

(G1, 17/9)

*Extraído: http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=73524*

* *

Notícias

Sexta-Feira, 17 de setembro de 2010

JC e-mail 4098, de 17 de Setembro de 2010.

*Número de brancos no ensino superior ainda é o dobro do de pretos*

*Mais negros (pretos e pardos) têm entrado nas universidades, na última década, mas o número de brancos no ensino superior (62,6%) é o dobro dos percentuais de pretos (28,2%) e de pardos (31,8%), segundo IBGE*

Em 1999, entre os estudantes de 18 a 24 anos de idade que cursavam universidade, 33,4% eram brancos, 7,5% pretos e 8% pardos. Os dados fazem parte da pesquisa Síntese de Indicadores Sociais 2009 divulgada nesta sexta-feira (17) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

*Em relação à população com ensino superior concluído, o número de brancos é três vezes maior (15%), apesar de o número de pretos e pardos graduados ter crescido entre 1999 e 2009, passando de 2,3% (tanto para pretos quanto para pardos) para 4,7% e 5,3%, respectivamente. *

* No geral, os brancos têm mais acesso à educação em todos os níveis. As desigualdades se apresentam desde o analfabetismo, cuja a taxa nacional era de 13,3% em 1999 e passou para 9,7% em 2009. Apesar dos avanços registrados na última década, os pretos e pardos ainda apresentam o dobro da incidência de analfabetismo verificado na população branca: 13,3% dos pretos e 13,4% dos pardos são analfabetos, contra 5,9% dos brancos.*

Por fim, os brancos, em média, estudam 8,4 anos, enquanto os negros, 6,7 anos. Embora o indicador tenha melhorado entre pretos e pardos, em 2009, ainda está abaixo da escolaridade dos brancos em 1999, que era de 7 anos.

Na última década, a pesquisa também registrou que a diferença de rendimentos entre os negros e os brancos é de pelo menos 20%. No segmento mais rico da população, a síntese chama atenção para o fato de a proporção de pretos e pardos ser de 1,8% e de 14,2%, respectivamente.

"Trata-se de uma cifra ainda bastante distante da representatividade da população. Pretos e pardos são 6,9% e 44,2% das pessoas no Brasil em 2009, o que corresponde a uma maioria de 51,1% da população", avalia a pesquisa.

*O documento também alerta que a vulnerabilidade das pessoas negras diante dos indicadores requer "atenção para as políticas públicas", pois, famílias de cor preta e parda são maioria entre aquelas com filhos de até 14 anos.*

(Agência Brasil, 17/9)
Sexta-Feira, 17 de setembro de 2010
JC e-mail 4098, de 17 de Setembro de 2010.
*Extraído: http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=73525*

Eu nunca tive um amigo negro - Cláudio César Dutra de Souza

Debate sobre raças

Publicada em 24/08/2010 - Artigo do leitor Cláudio César Dutra de Souza
Retirado de: http://oglobo.globo.com/opiniao/mat/2010/08/24/eu-nunca-tive-um-amigo- negro-917467096.asp


*Não costumo postar opiniões de leitores de jornais, mas essa é uma declaração assustadoramente (para os racistas anti-cotas) sincera.*

Nunca se discutiu tanto a questão racial no Brasil como na época da aprovação da lei das cotas para negros em nossas universidades públicas. Também foi esclarecedora a percepção de nossas limitações nesse assunto. Subitamente, fomos brindados com as mais sofisticadas teorias sobre a inexistência do conceito de "raça", que seriam muito bem vindas caso não estivesse totalmente deturpadas pelo nosso "racismo cordial". Branqueamos os nossos negros, paradoxalmente, para mantê-los afastados de nós e de qualquer compensação reparatória, mesmo que mínima.

Ao pensar em um suposto "conflito racial", algumas pessoas foram a público denunciar a inconstitucionalidade, a aberração e a inutilidade de uma política de cotas para negros, visto que não existe racismo no Brasil. Daiane dos Santos, Neguinho da Beija-Flor e Santos outros foram "branqueados" e alçados a sua genética condição européia que lhes excluiria de uma vaga especial pelo sistema de cotas. Ao lermos o livro de ficção científica de Monteiro Lobato, "O presidente negro", somos capazes de entender o que pode significar tais asserções e os aspectos políticos nelas envolvidos. Branqueamos os nossos negros, paradoxalmente, para mantê-los afastados de nós e de qualquer compensação reparatória, mesmo que mínima.

O fato é que somos racistas até a medula nesse país. Isso não significa que, em nossa história, queimamos negros vivos como muitas vezes aconteceu nos Estados Unidos na época da Klu-Klux-Klan ou que nossos negros fossem impedidos de sentar ao lado de brancos nos ônibus. Isso é tecnicamente incompatível com o nosso caráter cordial-lusitano, até mesmo porque é desnecessário quando os negros "sabem o seu lugar". E onde é esse lugar a qual designamos historicamente os nossos negros?

Basta pensar em qualquer garoto (a) de classe média branco (a) no Brasil em relação ao seu círculo próximo de amigos para se ter uma resposta muito rápida e precisa. Quase ninguém tem ou teve qualquer amigo negro. Quando falo em amigo não estou me referindo a conhecidos, mas sim, aqueles a quem dividimos nossos sucessos, alegrias, fracassos ou angústias. Aqueles que são convidados para dormir ou almoçar em nossas casas, bem como aqueles que podem se tornar objeto de nosso interesse amoroso. Eu jamais tive um amigo negro e tampouco alguma negra pela qual pudesse me apaixonar, pelo simples motivo que não convivi com eles na minha infância e adolescência como
estudante em uma escola privada de Porto Alegre. Eles simplesmente não existiam.

Quando veio ao Brasil em agosto de 1960, o filósofo Jean Paul Sartre percebeu com perplexidade a ausência de negros em suas concorridas palestras. "Onde estão os negros?", perguntou ele a certa altura para o constrangimento dos universitários ali presentes. Alguém responderia a Sartre que não havia negros no recinto tão somente por causa da falta de mérito dos mesmos em conquistar um lugar no espaço universitário? Nesse período, o dramaturgo Nelson Rodrigues também se perguntava: "Onde estão os
negros do Itamaraty? Procurei em vão um negro de casaca ou uma negra de vestido de baile. O Itamaraty é uma paisagem sem negros."

Alguém responderia a Sartre que não havia negros no recinto tão somente por causa da falta de mérito dos mesmos em conquistar um lugar no espaço universitário?

Nelson publicou em uma de suas "confissões" no jornal Última Hora em 26 de agosto de 1957 a seguinte observação acerca do teatrólogo e futuro senador da República Abdias do Nascimento: "O que eu admiro em Abdias do Nascimento é a sua irredutível consciência racial. Por outras palavras: trata-se um negro que se apresenta como tal, que não se envergonha de sê-lo e que esfrega a cor na cara de todo o mundo. (...) Eu já imagino o que vão dizer três ou quatro críticos da nova geração: que o problema não existe no Brasil. Mas existe. E só a obtusidade pétrea ou a má fé cínica poderão negá-lo. Não caçamos pretos, no meio da rua, a pauladas, como nos Estados Unidos. Mas fazemos o que talvez seja pior. A vida do preto brasileiro é toda tecida de humilhações. Nós o tratamos com uma cordialidade que é o disfarce pusilânime de um desprezo que fermenta em nós, dia e noite. Acho o branco brasileiro um dos mais racistas do mundo".

A exata localização de nossos negros me intriga. Essa inquietação já me levou a dirigir o meu olhar na esperança de encontrá-los, por exemplo, nas universidades em Porto Alegre. Munido desse olhar específico, passei dias no campus do Valle da Universidade Federal do Rio Grande do Sul em busca de negros nas áreas comuns do campus e não os encontrei, salvo como funcionários da cantina. Em entidades particulares a experiência se repetiu exatamente da mesma forma. Tudo era uma branca e vasta paisagem, com poucas gradações de cor.

Intrigado com tudo isso, estendi a minha observação aos lugares na noite a quais frequento bares, restaurantes, cinemas e casas noturnas em geral. Eles não estavam lá. Não existem negros ou grupos de negros se divertindo junto com brancos ou estudando junto com brancos, salvo raras e honrosas exceções. Essa situação se repete nas principais cidades do Brasil, não sendo apenas um fenômeno típico de Porto Alegre.

Os negros estão nas periferias, nas favelas, nas escolas públicas mais suburbanas, nos presídios e em subempregos pelo país afora. É hipocrisia nossa imaginarmo-nos, por um instante que for, que vivemos em uma sociedade multicultural, inter-racial, ou qualquer coisa desse tipo. É urgente que nossos negros comecem a desenvolver certa consciência racial e a problematizar o lugar que ocupam dentro de uma sociedade racista como a nossa. Que exijam serem reconhecidos para além dos estereótipos e que ocupem os lugares reservados à elite branca. Que exijam a compensação por séculos de escravidão e exclusão a que foram obrigados pelo escravocrata branco. Se bem que, se a reação causada por um reles ensaio de ação afirmativa se deu em um nível histriônico, poderíamos esperar coisas piores de nossos alvos cidadãos em face de ações mais contundentes.

Fonte: http://aldeiagriot.blogspot.com/2010/ 08/eu-nunca-tive-um-amigo-negro.html

Sermão da Montanha - versão p/ professores

Igualzinho as escolas públicas estaduais e a Pedagogia do Sergio Cabral...


Jesus aguentaria ser um professor nos dias de hoje?

Naquele tempo, Jesus subiu a um monte seguido pela multidão e, sentado sobre uma grande pedra, deixou que os seus discí­pulos e seguidores se aproximassem.
Ele os preparava para serem os educadores capazes de transmitir a lição da Boa Nova a todos os homens.
Tomando a palavra, disse-lhes:
- Em verdade, em verdade vos digo:
Felizes os pobres de espi­rito, porque deles são o reino dos céus.
Felizes os que tem fome e sede de justiça, porque serão saciados.
Felizes os misericordiosos, porque eles...
Pedro o interrompeu:
- Mestre, vamos ter que saber isso de cor?
André perguntou:
- É pra copiar?
Filipe lamentou-se:
- Esqueci meu papiro!
Bartolomeu quis saber:
- Vai cair na prova?
João levantou a mão:
- Posso ir ao banheiro?
Judas Iscariotes resmungou:
- O que é que a gente vai ganhar com isso?
Judas Tadeu defendeu-se:
- Foi o outro Judas que perguntou!
Tomé questionou:
- Tem uma formula pra provar que isso ta certo?
Tiago Maior indagou:
- Vai valer nota?
Tiago Menor reclamou:
- Não ouvi nada, com esse grandão na minha frente.
Simão Zelote gritou, nervoso:
- Mas porque é que não dá logo a resposta e pronto!?
Mateus queixou-se:
- Eu não entendi nada, ninguém entendeu nada!

Um dos fariseus, que nunca tinha estado diante de uma multidão nem ensinado nada a ninguém, tomou a palavra e dirigiu-se a Jesus, dizendo:
- Isso que o senhor está fazendo é uma aula? Onde está o seu plano de curso e a avaliação diagnóstica? Quais são os objetivos gerais e especí­ficos? Quais são as suas estratégias para o levantamento dos conhecimentos prévios?

Caifas emendou:
- Fez uma programação que inclua os temas transversais e atividades integradoras com outras disciplinas? E os espaços para incluir os parâmetros curriculares gerais? Elaborou os conteúdos conceituais, procedimentais e atitudinais?
Pilatos, sentado lá no fundão, disse a Jesus:
- Quero ver as avaliações da primeira, segunda e terceira etapas e reservo-me o direito de, ao final, aumentar as notas dos seus discí­pulos para que se cumpram as promessas do Imperador de um ensino de qualidade. Nem pensar em números e estata­sticas que coloquem em dúvida a eficácia do nosso projeto. E vê lá se não vai reprovar alguém! Lembre-se que você ainda não é professor titular..

domingo, 19 de setembro de 2010

Voto nulo - parte 2

Voto nulo - parte 1

Manifesto em Defesa da Educação Pública no Rio de Janeiro

Não é mais possível esperar ou ficar parado. Os índices do IDEB ou do ENEM apenas revelaram aquilo que os profissionais da educação e o conjunto da sociedade civil no Rio de Janeiro já sabem há tempos: os sucessivos governos que passaram pelo nosso estado e pelos diversos municípios fluminenses nas duas últimas décadas destruíram as condições para o exercício de uma educação pública de qualidade.

Perdas salariais, falta de professores, salas superlotadas, grade curricular rebaixada, aplicação mínima de recursos em educação, absoluta falta de funcionários administrativos, superfaturamento de equipamentos, precarização do trabalho nas creches e na educação infantil, direções de escola indicadas por políticos ligados ao governo. O verdadeiro “rosário” de mazelas vivido pelas escolas públicas parece não ter fim. Apesar disso, professores e funcionários mantém as escolas funcionando e realizam o seu trabalho com o que resta de dignidade a uma categoria cada vez mais desmoralizada e desmotivada.

Temos testemunhado nos últimos anos o desmonte dos serviços públicos e a utilização das escolas, hospitais, etc como lavagem de dinheiro através de contratos milionários com empresas terceirizadas. É o caso do recente aluguel dos ar-condicionados, da compra de computadores, das obras de climatização. Tais “investimentos” não foram capazes de trazer dignidade aos profissionais e alunos, o que fica comprovado com o penúltimo lugar do IDEB e a saída de cerca de 20 professores por dia da rede estadual (por causa dos baixos salários). O segundo estado da federação é o que menos reverte os impostos pagos em serviços públicos para a população (segundo estudo do DIEESE). No município do Rio de Janeiro a ameaça de uma nova reforma da previdência anuncia a retirada de mais direitos dos trabalhadores e o aprofundamento do sucateamento dos serviços públicos. Ainda na rede da capital, a aplicação de uma política de gratificações produtivistas (14º salário) que na verdade retira direitos conquistados historicamente é a prova de que os projetos de educação dos atuais governos ainda podem piorar a situação.

A propaganda oficial mascara a situação real. Tentam nos vender a imagem de um serviço público eficaz através da privatização. No entanto a vida real é bem diferente. As promessas de campanha são oportunamente esquecidas e outras são reinventadas.

Não podemos nos calar diante de tal sordidez. A realidade virtual propagandeada nos desafia. Precisamos que o povo organizado através de sindicatos, associações, universidades, movimentos sociais construa, defenda e lute por um projeto de educação pública de qualidade, laica e socialmente referenciada. Um projeto que resgate os princípios da educação integral, da gestão democrática, da valorização de professores e funcionários, do investimento público em educação pública e tantos outros elementos que fizeram e fazem parte dos nossos sonhos e reivindicações.

É preciso dar uma resposta à sociedade em relação a toda essa publicidade negativa gerada pelos resultados do IDEB e do ENEM. A responsabilidade por estes resultados não pode ser jogada nas costas dos profissionais da educação. É fundamental demonstrar que não bastam boa vontade e esforço individual: sem recursos, valorização profissional e condições de trabalho, não haverá qualidade efetiva na educação pública

Neste dia 16 de setembro de 2010 nas escadarias da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, na Cinelândia – palco de tantas lutas e vitórias em nossa história – as entidades e os militantes que lutam em defesa da educação manifestam o seu compromisso de reunir esforços para defender a escola pública e reconstruir nosso projeto de uma educação pública de qualidade, socialmente referenciada. Independente do resultado das próximas eleições, este é o projeto que devemos construir e conquistar nas lutas que certamente travaremos nos próximos anos.

Escolas públicas estaduais e da rede municipal do Rio paralisaram atividades hoje e realizaram manifestação

Nesta quinta-feira (16), os profissionais das escolas públicas estaduais e da rede municipal do Rio de Janeiro realizaram uma paralisação conjunta de 24 horas. A educação realizou uma marcha, da Candelária até a Cinelândia, com a presença de cerca de mil pessoas, em defesa da escola pública e dos serviços públicos de qualidade e contra a reforma da previdência do prefeito Eduardo Paes, contida no Projeto de Lei Constitucional nº 41. Ao final da marcha, na Cinelândia, foi realizado um ato, com o lançamento de um manifesto.

O movimento vai realizar uma assembleia conjunta, com a participação dos demais servidores e setores da sociedade, ainda em data a ser definida, para a implementação do Fórum em Defesa da Ensino Público.

A situação da rede estadual é muito grave: os profissionais de educação do estado têm mais de 60% de perdas salariais; mais de 20 professores, entre aposentados e exonerados, abandonam as salas de aula por dia; a grade curricular foi rebaixada para disfarçar a falta de professores; o governo aplica o mínimo de recursos em educação; existe uma enorme carência de funcionários administrativos; um superfaturamento de equipamentos; e vem ocorrendo um desmonte do primeiro segmento (pré à 4ª série).

Os servidores municipais exigem: o fim do PLC 41; o pagamento da dívida com o FUNPREVI; o cumprimento das responsabilidades do Tesouro Municipal com a Previdência dos servidores; e uma audiência pública na Câmara para a prestação de contas e debate com os servidores.

A educação pública reivindica também 22% de reajuste salarial para cobrir as perdas salariais. Um estudo do Dieese comprova que a prefeitura está longe do limite prudencial que exige a Lei de Responsabilidade Fiscal. Dessa forma, poderiam ser gastos quase R$ 1 bilhão a mais em 2010, com um reajuste salarial bem melhor que o de 4,21% concedido por Eduardo Paes.

Fora Cabral!

domingo, 5 de setembro de 2010

De identidade à desigualdade

(textos sobre a discussão do bimestre)
IDENTIDADE: “conjunto de caracteres próprios e exclusivos de uma pessoa (nome, idade, sexo, estado civil, filiação, etc.”. Ela é relacional, carregada de símbolos e está vinculada a condições sociais e materiais. Essa identidade nos fala, então, sobre a cultura, a época, as relações sociais e psíquicas as quais o indivíduo foi e/ou é submetido, ou seja, ela é também uma intersecção de diferentes componentes. É através dos significados produzidos por estas relações que encontramos sentido para aquilo que somos ou, ainda, para aquilo que podemos nos tornar.
Para falarmos em identidade precisamos falar também de diferença. A nossa identidade, muitas vezes, é descrita a partir do que ela não é. São essas diferenças utilizadas para promover classificações ou agrupamentos (ex: identidade nacional), que possibilitam divisões do tipo: nós/eles. Dessa forma, ao contrário do que possa parecer, identidade e diferença não são conceitos antagônicos; além de serem interligados, partilham uma importante característica, a de serem resultantes de uma atividade lingüística. Isso equivale dizer que não são essenciais, não são elementos naturais que estão a espera de se revelar ou serem descobertos. Ambos, para existir, precisam ser ativamente criados ou produzidos. Somos nós que criamos identidades e diferenças nas nossas relações sociais e culturais. Sob essas influências e diferenças, as posições que assumimos e com as quais subjetivamente nos identificamos, constituem nossas identidades.

ALTERIDADE: “qualidade de ser outro”, relação com um outro no qual não nos vemos refletidos. É oposto de identidade.

LINHAGEM OU GENEALOGIA: Linha de parentesco que estabelece um vínculo contínuo de descendência entre pessoas de várias gerações, podendo servir para a identificação de um grupo.

ETNIA: Refere-se à classificação de um povo ou de uma população de acordo com sua organização social e cultural, caracterizadas por particulares modos de vida.

ETNOCENTRISMO: sentimento genérico das pessoas que preferem o modo de vida do seu próprio grupo social ou cultural ao de outros. Visão de mundo na qual o centro de todos os valores é o próprio grupo a que o indivíduo pertence.

RAÇA: só há sentido usar o termo “raça” numa sociedade marcada pelo racismo. Do ponto de vista científico não existem raças humanas; há apenas uma raça humana. No entanto, do ponto de vista social e político é possível (e necessário) reconhecer a existência do racismo enquanto atitude.

RACISMO: É uma doutrina que afirma não só a existência das raças, mas também a superioridade natural e, portanto, hereditária, de umas sobre as outras. A atitude racista atribui qualidades aos indivíduos ou aos grupos conforme o seu suposto pertencimento biológico a uma dessas diferentes raças, portanto, de acordo com as suas supostas qualidades ou defeitos inatos e hereditários.

ESTEREÓTIPO: É um “molde” imposto com valores negativos a uma grupo ou a uma pessoa para inferioriza-la.

PRECONCEITO: Qualquer atitude negativa em relação a uma pessoa ou a um grupo social que derive de uma idéia preconcebida sobre tal pessoa ou grupo; é um pré-juízo.

DISCRIMINAÇÃO: Ação de discriminar, tratar diferente, anular, de tornar invisível, excluir, marginalizar.

DIFERENÇA: Viva a diferença com direitos iguais!

DESIGUALDADE: hierarquização entre indivíduos e/ou grupos não permitindo um tratamento igualitário (em termos de oportunidades, acesso a bens e recursos etc.) a todos/as.

Trabalhos do 3° bimestre

Trabalho 1 – montar uma árvore genealógica familiar, demonstrando as relações de parentesco entre as pessoas. Em seguida, fazer uma legenda com os nomes e as características de cada pessoa: aspectos corporais; nascimento; idade atual ou óbito; doenças que tiveram (ou morreram de que); descendente de que tipo humano; vivem/viveram em que região do Brasil; o que comem/comiam; que festas, danças, brincadeiras, trabalhos e artes fazem/faziam.

Trabalho 2 – contar uma história usando os elementos pesquisados por você e montados na árvore genealógica, como se fosse uma história para as gerações novatas, com o intuito de ilustrar um pouco a vida de seus antepassados familiares.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

SBPC reivindica piso de R$ 4 MIL para professores da educação básica no Brasil

Piso de R$ 4 mil para os professores da educação básica brasileira - do ensino infantil ao médio - até 2014. Essa é uma das metas que o Conselho da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) vai propor aos candidatos à presidência da República em 2010. Hoje, o piso gira em torno de R$ 1 mil.

"O professor deve ter o maior salário do funcionalismo público. Não menos que um delegado ou um diplomata", afirma o conselheiro e docente da UnB, Isaac Roitman. Os números são um alerta. Levantamento do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) revela que o total de 70.507 professores formados em 2007 no Brasil representa uma queda de 4,5% em relação ao ano anterior, e de 9,3%, se comparado a 2005.

O pacote apresentado pelo biólogo Isaac Roitman na mesa-redonda Educação Brasileira: A Inflexão Necessária ainda inclui a violência, a evasão e a depredação escolar, a falta de estrutura de trabalho e os baixos salários dos docentes do país. Outro dado é que de cada cem crianças que ingressam no ensino fundamental brasileiro, apenas 53 concluem os oito anos de estudo. E só 37 chegam ao fim do ensino médio. (Fonte: Jornal de Brasília - 29/07/2010).

A SBPC está realizando o seu 62º Encontro Anual, em Natal (RN) e os candidatos à presidência da República foram convidados para participarem dos debates, nos quais a entidade entrega a cada um deles um documento fazendo uma avaliação da importância da Educação, Ciência e Tecnologia para o desenvolvimento do país. Veja abaixo, o teor do documento do SBPC, que está sendo entregue aos presidenciáveis e que pede uma revolução na Educação e a valorização dos seus profissionais.

Educação, Ciência, Tecnologia e Inovação para o Desenvolvimento Brasileiro

A ciência brasileira conquistou uma posição internacional de destaque e alcançou um grau de maturidade que permite considerá-la como um recurso fundamental para o desenvolvimento econômico e social sustentável do país. Essa competência decorre de uma política de estado que promoveu investimento continuado por várias décadas na formação de recursos humanos e na geração de conhecimento. Esta política precisa ser consolidada e ampliada nos próximos mandatos presidenciais. A ABC (Academia Brasileira de Ciências) e a SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência) tendo em vista este momento vem propor:

O Brasil precisa de uma revolução na Educação. A valorização e a qualificação do professor de educação básica é condição fundamental para o desenvolvimento do país. É nesse nível que se formará a sociedade que ajudará a construir um país competitivo. A revolução educacional que se busca tem de ser de qualidade, precisa alcançar toda a população brasileira e se dar em todos os níveis, incluindo o ensino técnico e as diversas formas de educação superior.

O Brasil deve estar na fronteira da produção de conhecimento. A expansão quantitativa, com qualidade, é o caminho para o fortalecimento do patrimônio científico e cultural e para o desenvolvimento de temas estratégicos para a integridade territorial, para o desenvolvimento econômico, social, ambiental. A participação na fronteira do conhecimento é fundamental para o domínio de grandes questões do mundo contemporâneo que incluem, entre outras, mudanças ambientais, energias renováveis, satélites, biotecnologia, nanociências, mitigação da violência e redução da pobreza.

A conservação - uso sustentável - dos biomas nacionais é vital para o Brasil. Os biomas brasileiros, em especial a Amazônia e o mar, representam um grande desafio para a Ciência e a Tecnologia, tanto no que se refere ao seu conhecimento quanto ao manejo dos seus recursos naturais. Esse patrimônio natural, único, permite ao país alcançar um novo modelo de geração de riquezas e desenvolvimento sustentável, pelo uso intensivo de novas tecnologias.

O Brasil deve agregar valor à produção e à exportação. É necessário intensificar a inovação tecnológica na empresa e fortalecer a sua interação com instituições de ensino e de pesquisa. Deve ser estimulada a agregação de valor a matérias primas e geração de novos produtos e processos, com a criação de novas empresas de base tecnológica e a promoção de projetos mobilizadores.

O sucesso desta Agenda depende de profunda revisão dos marcos legais que atualmente tolhem as Instituições de Educação Superior e travam as atividades de pesquisa e inovação.

A ABC e a SBPC consideram que essa Agenda de Ciência e Tecnologia para o Brasil deve estar fortemente vinculada ao desenvolvimento social, integral e abrangente, pressuposto para uma nação forte e soberana.

Natal, 28 de julho de 2010.

fonte: http://www.seperj.org.br/site/

domingo, 25 de julho de 2010

Murais produzidos pelas turmas do 9ºano/CEDC e apresentados juntos com os "trabalhos"







Muito além do Soccer City - Rafael Alvez

A primeira certeza que o apito final do dia 11 de julho deixou foi a de que a Espanha mereceu o título que a colocou no seleto grupo dos oito países campeões mundiais de futebol. A segunda certeza foi a de que a África é capaz. Todos aqueles que, antes do Mundial, temiam pelo pior, tiveram de botar o rabo entre as pernas.

Quando eu cheguei ao país da Copa, no dia 2 de junho, tinha como referência alguns relatos evasivos de amigos que já haviam vivido ou visitado o país, mas também trazia na memória as dezenas de artigos lidos alertando quanto aos possíveis problemas de transporte e, principalmente, segurança. Às vésperas da viagem, empresas que prestaram serviços durante a Copa e associações de jornalistas enviavam e-mails indicando que eu não deveria pegar um taxi, pisar a rua sozinho nem falar com grupos de homens negros. Semanas antes do Mundial, pipocavam notícias sobre extravio de bagagens, assaltos e agressões a estrangeiros. Confesso que embarquei bastante ressabiado.

Minhas preocupações começaram a diluir-se no meu primeiro final de semana, quando fui conhecer Soweto. Fiz os programas de turista, mas também almocei num bandeijão, caminhei pelas ruas e entrei em lugares dos locais, como um bar e um supermercado. Pode ter sido apenas uma impressão é claro, mas foi boa. Não posso negar que ao declarar-me brasileiro via os sorrisos do pessoal de lá se abrirem com mais facilidade, mas o fato é que a experiência neste histórico e sofrido distrito me ajudou a relaxar um pouco.

Quarenta e cinco dias, seis cidades e vinte jogos depois, a bordo do avião de volta para casa, conclui que houve uma situação de átipica tranquilidade para que tudo corresse bem durante a Copa. Mas também volto seguro de que a África do Sul é um país fantástico, que precisa de mais atenção do mundo e de muito mais cuidado de seus administradores. A principal queixa de quem vive lá é a corrupção. Pelo que eu ouvi, parece ser igual ou ainda pior do que a gente vê no Brasil.

A exemplo de muitos brasileiros e estrangeiros com que conversei a respeito, vi um país-sede com excelente infraestrutura aeroviária e rodoviária -a despeito da inexistência de transporte público, principalmente em Joanesburgo -; cidades limpas, bonitas e desenvolvidas, caso da Cidade do Cabo; estádios fenomenais, como o de Durban; e, o mais marcante de tudo: um povo extremamente hospitaleiro e orgulhoso de receber a Copa do Mundo. Mesmo com a queda dos Bafana Bafana ainda na primeira fase, os africanos continuaram a soprar suas vuvuzelas em todos os jogos e receber gente do mundo inteiro com carinho e generosidade. Tenham em conta que a Copa traz pessoas de todos os países, não só dos que a disputam. Vi grupos de croatas, húngaros, venezuelanos, peruanos, palestinos, russos, chineses e angolanos, só para citar alguns.

A segurança foi evidentemente reforçada, mas a falta de ocorrências graves deve-se principalmente ao empenho de todos que queriam que cada estrangeiro voltasse para casa com uma boa impressão do país. Aparentemente conseguiram. Muito provavelmente os índices de criminalidade no país nos últimos 60 dias foram os menores desde que começaram a ser medidos.

Entretanto é preocupante constatar que os esquemas montados para garantir este período de estabilidade já estão sendo desmontados. Muitos agentes de segurança serão dispensados, outros tantos vão sair de férias e o temor é que a corrupção, a letargia e a ausência da polícia local volte a níveis 'normais' a partir de agosto. Hoje o sul-africano está feliz e orgulhoso de ter conseguido receber o maior evento do mundo de uma maneira muito melhor do que todos esperavam. Amanhã vai descobrir a que custo isso tudo aconteceu e discutir melhor os legados resultantes de tanto esforço.

Quando pergunta-se a um local sobre o legado da Copa, é muito difícil ter como resposta 'o estádio X', 'o aeroporto Y' ou 'a rodovia Z'. Basicamente são duas as respostas padrão: 'descobrimos que a África do Sul tem capacidade para receber o mundo' e 'fechamos um pouco mais as feridas causadas pelo Apartheid'. Pela primeira impressão, entendo que eles estão realmente surpresos por sentirem-se tão capazes, já que estamos falando de uma democracia de apenas 16 anos que não está acostumada a receber eventos tão grandes e tantos turistas. Já sobre a integração entre negros e brancos, pode-se dizer que se trata de uma meta ambiociosa que foi atingida. A sensação é de que brancos e negros se aproximaram um pouquinho mais por causa da Copa. Nunca o país tinha recebido tantos estrangeiros de uma só vez (calcula-se que foram cerca de 250.000) e isso fez com que as pessoas se sentissem mais sul-africanas e menos brancas ou negras.

Pensando no nosso desafio de receber a Copa, acredito que, mais importante ainda do que garantir que haja infraestrutura, precisamos nos preparar para entregarmos aos visitantes (que devem vir em maior número) o que de melhor temos como povo. Nos próximos quatro anos você, leitor, vai ser bombardeado com denúncias de superfaturamento de obras, uso irregular de dinheiro público, decisões políticas em detrimento de decisões sensatas, abuso de poder, mamatas em geral conquistadas por gente envolvida na organização.

Mas o fato é que tudo vai ficar pronto a tempo e, em 2014, vamos ter milhares de gringos em todas as 12 cidades-sede tomando cervejinha em copo americano, sambando com o dedinho em riste e assistindo às partidas da Copa no maior conforto. Quem sabe como o Brasil funciona também sabe que o sucesso da Copa virá a um altíssimo custo moral e financeiro. Para amenizar essa revolta, ao meu ver inevitável, temos que nos preparar para receber o mundo da melhor maneira possível, com hospitalidade e mandando bem naquilo em que somos realmente craques: festa. Na união de todos para fazer a melhor festa da história, podemos nos aproximar como povo, amenizar as diferenças, e termos um legado muito mais valioso do que armações de concreto e cimento.


http://g.br.esportes.yahoo.com/futebol/copa/blog/daredacao/post/Muito-al-m-do-Soccer-City?urn=fbintl,255817

Os corvos olímpicos - Emir Sader

Tem gente que não gosta do Brasil. “O problema do Brasil é que já foi descoberto por estrangeiros”, dizia um parlamentar da ditadura, pilhado pelo Febeapá do Stanislaw Ponte Preta. O avô de um coordenador da campanha do candidato tucano-demista, Juracy Magalhães, primeiro Ministro de Relações Exteriores da ditadura, disse: “O que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil”. Collor gostava de denegrir a indústria brasileira, FHC de dizer que os brasileiros são “preguiçosos”.

No dia em que se decidia a sede das Olimpíadas de 2016, nenhum jornal brasileiro dava destaque ao tema, certamente já tinham seus editoriais prontos para alegar que o governo tinha gasto muito dinheiro para fazer dossiês, promover viagens e que não tinha sido parada para a Chicago de Obama ou para Madri ou Tóquio. No dia seguinte, tinham cadernos especiais dizendo que o Brasil tinha ganho – sem destaques para o desempenho do Lula – e que eram a favor desde o começo.

Tendo perdido essa parada, os corvos não cansam de abastecer os inimigos externos do Brasil sobre o Campeonato Mundial de Futebol de 2014 e as Olimpíadas de 2016. Se somam cotidianamente à campanha das entidades internacionais, cujos burocratas tem a função de atazanar os países da periferia do sistema de que seriam incapazes de promover eventos globais como esses. Fizeram isso o tempo todo com a Grécia e as Olimpíadas ali foram um sucesso. Criaram um clima de que o Campeonato Mundial de Futebol na África do Sul seria um desastre e tudo correu muito bem. Agora se volta, como corvos, para o Brasil. Serão 4 ou 6 anos de atazanamento. Depois de nos livrar-nos das missões do FMI, agora teremos os burocratas da FIFA e do COI “controlando” as obras.

Contam com a imprensa quinta coluna brasileira e suas denúncias preventivas sobre má utilização dos recursos, corrupção, atrasos, elefantes brancos que seriam construídos e não utilizados e até mesmo sua repentina preocupação com a miséria brasileira, que deveria primeiro ser superada, para só depois podermos organizar atividades dessa importância. A Federação Inglesa de Futebol já afirmou que está disponível para organizar o Campeonato de 2014, caso confirmassem as previsões agoureiras dos corvos de plantão por aqui.

Incomoda aos corvos, a auto-estima brasileira, como incomodava a alegria dos africanos durante a Copa. Incomoda que um presidente nordestino, torcedor de futebol, tenha passado pra trás seu ídolo querido, o presidente dos EUA e sua elegante senhora, que chegaram no ultimo momento ao local da decisão das Olimpíadas, acreditando que com seu charme e sua prepotência, levariam para sua cidade os Jogos.

Perderam eles lá e os corvos aqui. Perderão nas eleições deste ano e o Brasil organizará, como disse Lula, os jogos mais inesquecíveis da história do esporte, com um povo alegre e solidário.

20/07/2010
http://www.cartamaior.com.br/templates/postMostrar.cfm?blog_id=1&post_id=507

Crítica do ex-jogador Tostão às medidas do presidente Lula

Presidente Lula define prêmio para jogadores que venceram a Copa do Mundo; valor pode chegar a 465 mil reais

O presidente Lula e a Associação dos Campeões Mundiais do Brasil negociam aposentadoria e indenização para os atletas da seleção que ganharam Copas do Mundo. O benefício valerá inicialmente aos ex-jogadores de 1958 e se estenderá, posteriormente, a quem atuou nos Mundiais de 1962, 1970, 1994 e 2002. Reunião na Casa Civil discutiu as cifras a serem pagas aos campeões. Inicialmente, o valor negociado para cada um gira em torno de mil salários mínimos, no caso da indenização (465 mil reais), e de dez salários mínimos (4.650 reais), o teto da Previdência, para a aposentadoria. A expectativa é que o anúncio da nova medida seja feito pelo governo na próxima semana.
O texto abaixo foi escrito por TOSTÃO, ex-jogador de futebol, comentarista esportivo, escritor e médico, e foi publicado em vários jornais do Brasil:

Tostão escreveu:-
Na semana passada, ao chegar de férias, soube, sem ainda saber detalhes, que o governo federal vai premiar, com um pouco mais de R$ 400 mil, cada um dos campeões do mundo, pelo Brasil, em todas as Copas.

Não há razão para isso. Podem tirar meu nome da lista, mesmo sabendo que preciso trabalhar durante anos para ganhar essa quantia.

O governo não pode distribuir dinheiro público. Se fosse assim, os campeões de outros esportes teriam o mesmo direito. E os atletas que não foram campeões do mundo, mas que lutaram da mesma forma? Além disso, todos os campeões foram premiados pelos títulos. Após a Copa de 1970, recebemos um bom dinheiro, de acordo com os valores de referência da época..

O que precisa ser feito pelo governo, CBF e clubes por onde atuaram esses atletas é ajudar os que passam por grandes dificuldades, além de criar e aprimorar leis de proteção aos jogadores e suas famílias, como pensões e aposentadorias.

É necessário ainda preparar os atletas em atividade para o futuro, para terem condições técnicas e emocionais de exercer outras atividades.

A vida é curta, e a dos atletas, mais ainda.

Alguns vão lembrar e criticar que recebi, junto com os campeões de 1970, um carro Fusca da prefeitura de São Paulo. Na época, o prefeito era Paulo Maluf. Se tivesse a consciência que tenho hoje, não aceitaria.

Tinha 23 anos, estava eufórico e achava que era uma grande homenagem.

Ainda bem que a justiça obrigou o prefeito a devolver aos cofres públicos, com o próprio dinheiro, o valor para a compra dos carros.

Não foi o único erro que cometi na vida. Sou apenas um cidadão que tenta ser justo e correto. É minha obrigação.

Tostão

VAMOS FAZER CIRCULAR ESTA, PARA DIVULGAR MAIS UMA ABERRAÇÃO DO NOSSO PRESIDENTE COM O NOSSO DINHEIRO!

Muito além do Soccer City - Rafael Alvez

A primeira certeza que o apito final do dia 11 de julho deixou foi a de que a Espanha mereceu o título que a colocou no seleto grupo dos oito países campeões mundiais de futebol. A segunda certeza foi a de que a África é capaz. Todos aqueles que, antes do Mundial, temiam pelo pior, tiveram de botar o rabo entre as pernas.

Quando eu cheguei ao país da Copa, no dia 2 de junho, tinha como referência alguns relatos evasivos de amigos que já haviam vivido ou visitado o país, mas também trazia na memória as dezenas de artigos lidos alertando quanto aos possíveis problemas de transporte e, principalmente, segurança. Às vésperas da viagem, empresas que prestaram serviços durante a Copa e associações de jornalistas enviavam e-mails indicando que eu não deveria pegar um taxi, pisar a rua sozinho nem falar com grupos de homens negros. Semanas antes do Mundial, pipocavam notícias sobre extravio de bagagens, assaltos e agressões a estrangeiros. Confesso que embarquei bastante ressabiado.

Minhas preocupações começaram a diluir-se no meu primeiro final de semana, quando fui conhecer Soweto. Fiz os programas de turista, mas também almocei num bandeijão, caminhei pelas ruas e entrei em lugares dos locais, como um bar e um supermercado. Pode ter sido apenas uma impressão é claro, mas foi boa. Não posso negar que ao declarar-me brasileiro via os sorrisos do pessoal de lá se abrirem com mais facilidade, mas o fato é que a experiência neste histórico e sofrido distrito me ajudou a relaxar um pouco.

Quarenta e cinco dias, seis cidades e vinte jogos depois, a bordo do avião de volta para casa, conclui que houve uma situação de átipica tranquilidade para que tudo corresse bem durante a Copa. Mas também volto seguro de que a África do Sul é um país fantástico, que precisa de mais atenção do mundo e de muito mais cuidado de seus administradores. A principal queixa de quem vive lá é a corrupção. Pelo que eu ouvi, parece ser igual ou ainda pior do que a gente vê no Brasil.

A exemplo de muitos brasileiros e estrangeiros com que conversei a respeito, vi um país-sede com excelente infraestrutura aeroviária e rodoviária -a despeito da inexistência de transporte público, principalmente em Joanesburgo -; cidades limpas, bonitas e desenvolvidas, caso da Cidade do Cabo; estádios fenomenais, como o de Durban; e, o mais marcante de tudo: um povo extremamente hospitaleiro e orgulhoso de receber a Copa do Mundo. Mesmo com a queda dos Bafana Bafana ainda na primeira fase, os africanos continuaram a soprar suas vuvuzelas em todos os jogos e receber gente do mundo inteiro com carinho e generosidade. Tenham em conta que a Copa traz pessoas de todos os países, não só dos que a disputam. Vi grupos de croatas, húngaros, venezuelanos, peruanos, palestinos, russos, chineses e angolanos, só para citar alguns.

A segurança foi evidentemente reforçada, mas a falta de ocorrências graves deve-se principalmente ao empenho de todos que queriam que cada estrangeiro voltasse para casa com uma boa impressão do país. Aparentemente conseguiram. Muito provavelmente os índices de criminalidade no país nos últimos 60 dias foram os menores desde que começaram a ser medidos.

Entretanto é preocupante constatar que os esquemas montados para garantir este período de estabilidade já estão sendo desmontados. Muitos agentes de segurança serão dispensados, outros tantos vão sair de férias e o temor é que a corrupção, a letargia e a ausência da polícia local volte a níveis 'normais' a partir de agosto. Hoje o sul-africano está feliz e orgulhoso de ter conseguido receber o maior evento do mundo de uma maneira muito melhor do que todos esperavam. Amanhã vai descobrir a que custo isso tudo aconteceu e discutir melhor os legados resultantes de tanto esforço.

Quando pergunta-se a um local sobre o legado da Copa, é muito difícil ter como resposta 'o estádio X', 'o aeroporto Y' ou 'a rodovia Z'. Basicamente são duas as respostas padrão: 'descobrimos que a África do Sul tem capacidade para receber o mundo' e 'fechamos um pouco mais as feridas causadas pelo Apartheid'. Pela primeira impressão, entendo que eles estão realmente surpresos por sentirem-se tão capazes, já que estamos falando de uma democracia de apenas 16 anos que não está acostumada a receber eventos tão grandes e tantos turistas. Já sobre a integração entre negros e brancos, pode-se dizer que se trata de uma meta ambiociosa que foi atingida. A sensação é de que brancos e negros se aproximaram um pouquinho mais por causa da Copa. Nunca o país tinha recebido tantos estrangeiros de uma só vez (calcula-se que foram cerca de 250.000) e isso fez com que as pessoas se sentissem mais sul-africanas e menos brancas ou negras.

Pensando no nosso desafio de receber a Copa, acredito que, mais importante ainda do que garantir que haja infraestrutura, precisamos nos preparar para entregarmos aos visitantes (que devem vir em maior número) o que de melhor temos como povo. Nos próximos quatro anos você, leitor, vai ser bombardeado com denúncias de superfaturamento de obras, uso irregular de dinheiro público, decisões políticas em detrimento de decisões sensatas, abuso de poder, mamatas em geral conquistadas por gente envolvida na organização.

Mas o fato é que tudo vai ficar pronto a tempo e, em 2014, vamos ter milhares de gringos em todas as 12 cidades-sede tomando cervejinha em copo americano, sambando com o dedinho em riste e assistindo às partidas da Copa no maior conforto. Quem sabe como o Brasil funciona também sabe que o sucesso da Copa virá a um altíssimo custo moral e financeiro. Para amenizar essa revolta, ao meu ver inevitável, temos que nos preparar para receber o mundo da melhor maneira possível, com hospitalidade e mandando bem naquilo em que somos realmente craques: festa. Na união de todos para fazer a melhor festa da história, podemos nos aproximar como povo, amenizar as diferenças, e termos um legado muito mais valioso do que armações de concreto e cimento.


http://g.br.esportes.yahoo.com/futebol/copa/blog/daredacao/post/Muito-al-m-do-Soccer-City?urn=fbintl,255817

Copa: futebol, racismo e política - Beto Almeida

Quando Lúcio, o aplicado capitão da seleção canarinho, leu mensagem condenando o racismo antes daquela fatídica partida contra a Holanda, talvez não pudesse medir o grande alcance de seu gesto, que nos obriga a recuperar um fase da história recente. Condenar ali mesmo o racismo era imperioso pois era respeitar aquele povo e também alertar para as novas expressões racistas que estão se projetando em outros países, inclusive países que estavam ali disputando o certame. O artigo é de Beto Almeida.(*)


Vai chegando ao final a primeira Copa do Mundo de Futebol realizada na África. Talvez a frustração da torcida brasileira, combinada com uma destrambelhada cobertura midiática, - que exortou sentimentos racistas contra paraguaios e de hostilidade gratuita contra argentinos - não tenha permitido compreender que o simples fato da Copa ter sido na África do Sul é uma grande vitória contra o racismo internacional e contra as grandes potências capitalistas que tentaram boicotar ou desmoralizar os africanos. Mas, sobretudo, é a vitória de um país e de um povo que sequer participou da Copa. Cuba, que ao derrotar o exército racista sul-africano em Cuito Cuanavale, Angola, para onde enviou 400 mil soldados, deu o passo fundamental para a libertação da África do Sul. “A Batalha de Cuito Cuanavale foi o começo do fim do apartheid. E isto devemos a Cuba”, disse Mandela, após ser liberado de 27 anos de prisão. A torcida mundial deveria ser amplamente informada destas verdades.

Quando Lúcio, o aplicado capitão da seleção canarinho, leu mensagem condenando o racismo antes daquela fatídica partida contra a Holanda, talvez não pudesse medir o grande alcance de seu gesto, que nos obriga a recuperar um fase da história recente. Condenar ali mesmo o racismo era imperioso pois era respeitar aquele povo e também alertar para as novas expressões racistas que estão se projetando em outros países, inclusive países que estavam ali disputando o certame.

Sob o apartheid não haveria Copa na África do Sul

O certo é que a Copa do Mundo só estava se realizando ali em território sul-africano porque milhares de seres humanos deram suas vidas contra o animalesco regime do apartheid, que com o apoio de países como Estados Unidos e Inglaterra, principalmente, massacrou de maneira cruel a pátria de Mandela. A África do Sul racista, imperialista, ditatorial, que foi recebendo sanções internacionais quanto mais crescia a resistência popular em seu interior e mundo a fora, levando-a a receber algumas sanções internacionais, jamais poderia ser a sede de uma Copa do Mundo se estivesse sob o apartheid.

Queremos, portanto, estender a oração do capitão Lúcio para fazer justiça a um povo que não estava disputando a Copa, mas que foi fundamental para que a Copa ali se realizasse para alegria e orgulho da nova África do Sul. A declaração de Lúcio tem raízes na história da solidariedade revolucionária que Cuba ofereceu á África, a começar pelo envio de médicos para a apoiar a Revolução na Argélia, onde esteve trabalhando o próprio Che Guevara.

Enquanto Mandela ainda estava preso, Cuba já estava apoiando os vários processos de libertação em território africano. Libertação que veio a receber um grande impulso a partir da Revolução dos Cravos, em Portugal, liderada por jovens capitães, muitos deles egressos das então colônias portuguesas em território africano, onde aprenderam muitas lições de dignidade por parte daqueles povos a quem deveriam esmagar. Houve capitães que mais tarde relataram que em território angolano se convenceram que a razão da história estava com os guerrilheiros angolanos. Por isso mesmo, chegavam a organizar certas incursões pelas selvas, onde deixavam deliberadamente suas armas para serem recolhidas pelos soldados do Movimento Popular para a Libertação de Angola, simulando que haviam sido desarmados, quando estavam a dizer, com aquele gesto, que apoiavam a causa da libertação africana.

Estes gestos dos militares portugueses floresceram em Cravos Vermelhos pelas ruas de Lisboa, após soarem os primeiros acordes da canção “Grândola, Vila Morena”. A razão histórica venceu! Não sei se o capitão Lúcio, na sua juventude de uma vida dedicada ao futebol, teve oportunidade de informar-se sobre isto antes de ler aquela importante declaração contra o racismo, num gesto de grandeza da nossa seleção.

Cuito Cuanavale: começo do fim do apartheid

Quando Cuba atendeu ao chamado do presidente angolano, o médico, poeta e guerrilheiro Agostinho Neto, para que enviasse ajuda militar para assegurar a libertação de Angola, conquistada em 11 de novembro de 1975, com pronto reconhecimento de Brasil e óbvia contrariedade dos EUA, abria-se uma nova página na história da África, mas também da solidariedade internacional.

A hipocrisia e a malignidade intrínseca da mídia comercial não deu a conhecer aos milhões de torcedores do mundo inteiro de olhos magnetizados no televisor uma linha sequer desta luta heróica para derrotar o apartheid e permitir, afinal, não apenas a libertação de Angola e da Namília, mas também de Nelson Mandela e a erradicação total do regime racista, derrotado no campo militar em Cuito Cuanavale e, mais tarde, novamente derrotado pelos votos que elegeram Mandela seu primeiro presidente da república, o primeiro com legitimidade!

Não tínhamos nenhuma dúvida da bravura e da grandeza do gesto do povo cubano ao fazer a travessia do Atlântico no sentido contrário àquela rota feita pelos navios negreiros que vieram para o Brasil e também para o Caribe, nos unindo para sempre na dor, no sangue, na música, na cultura e também no compromisso de saldar esta imensa dívida que toda a humanidade tem para com os povos africanos. Porém, Cuba decidiu pagar antes de todos e para lá enviou 400 mil homens e mulheres, negros e brancos, inclusive a brancura da filha de Che Guevara, que também já havia lutado em Cabinda, enclave angolano próximo ao Congo. O médico brasileiro Davi Lerer estava exilado em Angola naquele período, ensandecido de solidariedade e de compromisso com a libertação angolana. Foi quando começou a perceber que alguns dos feridos de guerra por ele tratados, falavam espanhol. Era fruto da Rota do Atlântico feita no sentido contrário, no sentido da libertação. Todos devemos à Mama África. Mas, só Cuba teve a audácia de pagar esta dívida com armas nas mãos!

Armas nucleares contra Cuba

A nobreza do gesto provocou o instinto assassino das chamadas democracias imperialistas. Acaba de ser divulgado que Israel ofereceu armas nucleares à África do Sul para serem lançadas sobre as tropas cubanas no sul de Angola. Com o apoio dos aviões Migs de fabricação soviética, as tropas do exército racista da África do Sul foram enxotadas de território angolano, postas para correr também do território da Namíbia, cujas forças revolucionárias também formavam aquele formidável exército de libertação. Chegou-se a discutir nas forças de libertação a ida até Pretória!. Por isto os imperialistas cogitaram o uso de armas nucleares contra o exército cubano, pois o seu exemplo de internacionalismo proletário era por demais poderoso à humanidade! Tudo isto resultou no agravamento da crise do regime de Botha, na libertação de Mandela, no fim do apartheid, nas eleições diretas, e, por fim, na conquista da realização da Copa do Mundo, pela primeira vez, em território africano!. Vitória da humanidade, após tantas vitórias que abrilhantam a linda história de justiça da humanidade, unindo a Revolução Cubana à Revolução dos Cravos de Portugal! As armas nucleares na foram utilizadas daquela vez. Não se atreveram! Não se sabe se as utilizarão agora contra o Irã.

Racismo nos países imperialistas

A condenação ao racismo lida pelo nosso capitão, é atualíssima. Tem endereço. Depois da desclassificação das seleções dos EUA e da França, vimos pipocar novamente manifestações de racismo contra negros, imigrantes, árabes, hispânicos, sobretudo nestes dois países. Há os que considerem a França uma democracia exemplar, mas não querem prestar atenção nas declarações de Zidane, o craque da seleção francesa de origem argelina. Contrariando a tese dos acadêmicos pouco atentos, ele questiona a democracia francesa: “Eu posso ser campeão do mundo com a camisa da França, orgulho nacional, mas não posso eleger o presidente?” Agora o deselegante técnico da seleção francesa atira a culpa pelo fracasso aos jogadores de origem africana, à cultura dos bairros de periferia das grandes cidades francesas. Nenhum questionamento ao sistema político francês que é tão duramente combatido pelos jovens das periferias pobres na França, sem perspectiva de estudo ou de emprego!

Nos EUA não foi muito diferente. Buscam-se justificativas para a desclassificação, mas, as vozes racistas voltam a falar alto, sobretudo contra hispânicos, asiáticos e afro-descendentes. A gigantesca contradição política vivida pelos Eua só tende a se agravar, certamente de forma dramática, já que o presidente Obama tem sido pressionado pelo complexo militar-industrial a reforçar sua presença armada mundo afora. Já mandou mais 30 mil soldados para o Afeganistão, continua a ordenar bombardeios de povoados matando crianças e destruindo alvos civis naquele país empobrecido. Esqueceu-se das torturas de Guantânamo? Manda uma frota nuclear para as proximidades da costa do Irã. Multiplica o orçamento do Pentágono. O prêmio Nobel da Paz vai se revelando o Prêmio Nobel da Guerra e continua colecionando cadáveres e mais cadáveres!

Na linha inversa, o Brasil aprova o seu Estatuto da Igualdade Racial e cria a Universidade Lusoafricana Brasileira (Unilab), na cidade cearense de Redenção, a primeira em extinguir o escravagismo no Brasil. Lá teremos professores e studantes africanos, estudando gratuitamente. É a forma brasileira de também começar a apagar a enorme dívida que temos para com os povos africanos, como assinalou Lula. É verdade que estes dois gestos concretos nos chegam com 112 anos de atraso. Há muito ainda para caminhar, mas a linha é a de continuar a abrir espaços para que os negros sigam aumentando sua presença qualificada nas universidades, para que os Territórios dos Quilombos sejam definitivamente escriturados em nome dos remanescentes dos escravos, que as políticas públicas de habitação contemplem as necessidades da população negra, ainda alvo de desumana discriminação no mercado de trabalho, recebendo ainda os piores salários, ocupando as piores funções, e, ainda por cima, confinada à invisibilidade nos meios de comunicação, salvo as honrosas exceções da comunicação das tvs públicas e comunitárias, que registram alguma justiça racial televisiva.

Rivalidades exageradas são contra a cooperação

O mau exemplo vem exatamente das tvs comerciais. Ofendem gratuitamente ao povo paraguaio ou insuflam uma exagerada hostilidade contra argentinos, certamente, fazendo um tipo de jornalismo de desintegração, exatamente quando nós latino-americanos estamos a organizar e por em prática, por meio de vários governos, políticas públicas de integração econômica, energética, comercial, cultural educacional. Seguindo as orientações dos que querem impedir que sejamos solidários e cooperativos entre nós - por acaso, as mesmas nações imperiais que antes apoiaram o apartheid e recentemente tentaram boicotar a realização da Copa na África - cria-se um clima para uma rivalidade exacerbada, agressiva, verdadeira hostilidade, por exemplo contra argentinos e paraguaios.

Basta recordar o comportamento do capitão da seleção uruguaia, Obdúlio Varela, que ,em 1950, fez o Brasil todo chorar quando derrotarem a equipe canarinha em pleno Maracanã. Varela sentiu tanta segurança e confiança no caráter amistoso do povo brasileiro que foi comemorar a vitória uruguaia com brasileiros na noite carioca, sendo tratado com fraternidade e nobreza olímpicas pelos nosso povo. Diante de comportamento tão elevado dos brasileiros, certos narradorestelevisivos de hoje, apesar de frequência em certames internacionais, revelam-se verdadeiramente torpes e ineptos para alcançarem um padrão de jornalismo desportivo minimamente olímpico, tal como a Grécia Antiga - não a atual induzida á falência pela oligarquia financeira - legou à humanidade. Querem animalizar, embrutecer, despertar baixos instintos, estando portanto, em choque frontal com os princípios e valores que a Constituição pauta para os meios de comunicação, exigindo que sejam educativos, respeitosos aos mais nobres valores humanos e destinados à elevação cultural da sociedade.

As nações imperiais sabem perfeitamente da utilidade destas rivalidades fomentadas, muitas vezes artificialmente. Sobretudo contra povos que possuem grande potencial de cooperação entre si, como é o caso de Brasil e Argentina, cuja integração das bases produtivas poderia acelerar e encurtar sobremaneira os prazos históricos para a integração da América Latina. Por isto fazem o jornalismo da desintegração. Pela mesma razão, são incapazes, como meios de comunicação, de informar sobre o papel que Cuba desempenhou na história recente de libertação da África.

Jornalismo de integração

As nossas tvs públicas precisam fazer o contraponto. A diversificação e a pluralidade informativas, neste episódio, seriam extremamente válidas. Sobretudo se permitisse ao povo brasileiro conhecer quanta história existe por detrás da declaração contra o racismo que o capitão Lúcio fez naquele estádio repleto de sul-africanos libertos do regime do apartheid. E também conhecer quanta manipulação se faz do esporte, em nome de causas mesquinhas e anti-civilizatórias, como as que pretendem reviver o racismo e o impedimento ideológico da cooperação e da solidariedade entre os povos que tem um destino comum. O da unidade, da cooperação e da solidariedade.

(*) Beto Almeida é diretor de Telesur

http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=16792&boletim_id=727&componente_id=12204

Final da Copa baterá recordes de audiência, segundo a FIFA

Para Niclas Ericson, Mundial da África é um sucesso de audiência

Niclas Ericson confia em recorde na final da Copa da África

A final da Copa do Mundo entre Holanda e Espanha neste domingo vai bater recordes de audiência em todo o mundo, superando a marca de 760 milhões de telespectadores registrada pela partida pelo título do Mundial de 2006, segundo a Fifa.

- Não queremos especular, mas esperamos que a audiência da final desta noite seja a maior da história, acima dos 760 milhões de quatro anos atrás - afirmou Niclas Ericson, diretor da divisão de televisão da Fifa.

Na Espanha e na Holanda, diz Ericson, "todos os recordes (de audiência) serão batidos. Na Holanda, a audiência supera 90% de share (porcentagem dentre os televisores ligados no horário)".

- Até dezembro, quando os dados correspondentes a 100 países serão auditados e os cálculos dos restantes, somados, não haverá números definitivos, mas todos os radiodifusores estão oferecendo dados muito bons - conta o diretor.

Ericson ressaltou o recorde absoluto de telespectadores registrado na Alemanha durante a semifinal contra a Espanha, com 32 milhões de espectadores e uma audiência superior a 90%.

- Apesar de o mercado televisivo ter se fragmentado e haver muitos canais, parece que houve coincidência na hora de ver o Mundial. Nos Estados Unidos, a audiência aumentou 50%. Em geral, os números são muito mais altos no mundo todo, mas não dispomos de dados auditados - explicou.

Ericson ressaltou que os recordes também estão caindo "em transmissões pela internet e em telefones celulares"

http://www.lancenet.com.br/noticias/10-07-11/788313.stm

Professores relatam casos de violência de alunos em escolas do Rio - Aluizio Freire

Denúncias fazem parte de dossiê produzido por sindicato.
Educadores, doentes, são afastados e vivem a base de remédios.

Aluizio Freire

A professora E., de licença médica, foi ameaçada de morte por aluno

O grupo sacode as grades de ferro, lança bombas (tipo cabeça-de-negro) nos corredores, que explodem e estremecem as paredes do prédio. Grita, simulando uivos de animais, xinga e faz ameaças a quem ousa entrar na sua frente. Parece rebelião em um presídio, mas são atos de alunos rebeldes, relatados por professores de ensino médio e fundamental em um detalhado dossiê sobre violência nas escolas do Rio.

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O assunto voltou a ganhar destaque com a denúncia de uma professora, no dia 10 de junho, que acusou um aluno de 13 anos de quebrar seu dedo por tê-lo impedido de ouvir música durante a aula. Ela registrou queixa na delegacia por lesão corporal.

"A gente não pode mais fechar os olhos para isso. Existem muitos professores traumatizados, doentes, abandonando a profissão depois de receberem ameaças de morte." Mas profissionais da área já preparavam um amplo seminário sobre a violência nas escolas. Entre os temas do evento, que vai reunir educadores de vários estados no dia 25 de agosto na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), será discutido a Síndrome de Burnout, doença que tem afastado muitos profissionais do mercado de trabalho por estresse excessivo.

De acordo com estudos psiquiátricos, a Síndrome de Burnout caracteriza tensão emocional crônica provocada pelo trabalho estressante. Como o nome diz pouca coisa, só o quadro clínico do paciente pode revelar a gravidade e a evolução da doença.

"A gente não pode mais fechar os olhos para isso. Existem muitos professores traumatizados, doentes, abandonando a profissão depois de receberem ameaças de morte. Isso é muito grave. Não culpamos apenas os alunos, discriminados e vítimas de outras questões sociais. Mas a instituição, as secretarias de educação precisam oferecer um suporte psicológico para os alunos e uma estrutura de apoio para que os educadores não fiquem à mercê desse tipo de violência, que está sendo banalizado”, afirma a coordenadora do estudo, Edna Félix, que representa o Sindicato dos Profissionais da Educação (Sepe-RJ).

De acordo com o Sepe, as escolas da Região Metropolitana do Rio concentram os casos mais graves de violência. Segundo levantamento realizado pela entidade, somente na capital existem mais de 200 unidades de ensino situadas em áreas consideradas de risco, o que indicaria o alto índice dos casos de agressividade dentro das salas de aula.

Uma das vítimas dessa violência é a professora de História Nádia de Souza, 54 anos, 23 de magistério. Ela está de licença médica desde o dia 30 de junho de 2009, acometida de transtornos emocionais, de acordo com laudo entregue por sua médica na terça-feira (5), após consulta no Serviço de Psiquiatria da Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro, confirmando a necessidade de afastamento profissional da paciente.


Nádia, com síndrome do pânico, não consegue passar na porta de uma escola

Professora de História e Sociologia, pós-graduada em História da África, artista plástica e escritora, com dois livros publicados, Nádia lecionava na Escola Municipal Deodoro, na Zona Sul do Rio, até ser ameaçada por um aluno, no ano passado.

“Vou te quebrar”, disse um aluno ao ser informado que estava em recuperação. Sem conseguir mais ministrar suas aulas, entrou em licença médica.

Os primeiros sintomas de pânico surgiram durante uma viagem de metrô. À medida que o vagão ficava lotando aumentava seu desespero. Quando saiu estava em prantos, sufocada, com taquicardia. Precisou ser socorrida.

A paixão pelas crianças, o prazer de ensinar, se transformaram em aversão. “Dói muito a gente não poder fazer uma coisa para a qual se dedicou a vida inteira. É frustrante, é o fracasso”, revela Nádia.


Professora faz terapia há três anos

A professora não consegue nem mesmo passar na porta de uma escola. Sente calafrios. A estranha sensação de vazio, perseguição, surge em momentos inesperados. Durante uma conversa com amigos e familiares, na sala de casa, de repente foi acometida de um pânico inexplicável. Correu para o quarto e se escondeu embaixo da cama, gritando de medo.

“É um medo que não se sabe de quê. Sentimos um grande desamparo, como se o mundo e todos estivessem contra nós, prontos para nos agredir. É um sofrimento tão grande que sou obrigada a tomar antidepressivos e ansiolíticos diariamente. É como se tomasse remédio para dormir e para acordar", conta.

Outra professora que sofre da mesma doença é E.B., 53 anos, professora de Português do município há 13, formada em Letras e com pós-graduação em Literatura Brasileira pela Uerj. Ela faz terapia há três anos, passa por acompanhamento psiquiátrico e gasta cerca de R$ 200 por mês em remédios.

"Ele voou no meu pescoço e disse que eu ia acabar com a boca cheia de formiga."E. já lecionou em escolas da Zona Oeste, próximas de favelas dominadas por traficantes, e também em bairros do subúrbio do Rio, onde enfrentou situações de violência, inclusive ameaças de morte.

"Em uma escola em Santa Cruz, certa vez, dois grupos de adolescentes, que representavam facções criminosas rivais, entraram em confronto e quase destruíram a escola inteira. Quebraram carteiras, arrombaram portas, jogaram bombas tipo morteiros pelos corredores que causaram uma explosão assustadora. Um horror. Aquele prédio, frio, com aquelas pilastras de concreto, os portões de ferro, parecia que estávamos no meio de uma rebelião em um presídio", compara.

Filho, também professor, já enfrenta problemas
De família de professores, apesar da experiência traumática E. não conseguiu impedir o filho mais velho, de 33 anos, de seguir a mesma carreira. Ele, que está terminando o doutorado em História pela Universidade Federal Fluminense (UFF), também já sente as dificuldades de trabalhar em escolas que viraram palco de delinquentes.

"Quando sai de casa, ele me diz: 'Mãe, lá vou eu de novo para mais um dia no inferno’." Há cerca de um mês, seu filho presenciou uma briga entre alunos. Um deles jogou um explosivo sobre o outro, atingindo o pé do aluno que foi levado sangrando para o hospital.

E., durante um período que deu aulas em um colégio de São Gonçalo, na Região Metropolitana, sofreu mais um trauma. Foi ameaçada de morte ao comunicar a um aluno que havia sido reprovado.

"Ele voou no meu pescoço e disse que eu ia acabar com a boca cheia de formiga. Naquele dia, ao chegar em casa entrei numa crise histérica. Aos gritos, comecei a quebrar tudo que encontrava pela frente. Destruí minha cozinha. Meus filhos levaram quase três horas para me acalmar. Quem dedicou a vida inteira para oferecer o melhor para seu semelhante, que é a educação, não merece isso", lamenta, sem esconder as lágrimas.

Cópias dos dossiês produzidos pelo Sepe foram encaminhadas, além das secretarias de educação estadual e municipal, para a Comissão de Direitos Humanos e de Educação e Cultura da Câmara dos Vereadores e para o Ministério Público estadual


Resposta da Secretaria de Educação
Em resposta ao G1, a assessoria da Secretaria Municipal de Educação enviou a seguinte nota:

"A Secretaria Municipal de Educação esclarece que em abril deste ano, foi instituído o Regimento Escolar Básico do Ensino Fundamental. O regimento, entre outras medidas de caráter pedagógico e disciplinar, estabelece normas de condutas para os alunos nas escolas da rede municipal.

A Secretaria Municipal de Educação informa que o regimento instrumentaliza os diretores e professores e, ainda, valoriza o trabalho deles. Além de nortear o comportamento dos alunos, o regimento escolar resgata a autoridade do professor e faz com que os alunos passem a respeitá-lo mais.

Esse documento é um instrumento de trabalho de diretores e professores, para que possam ensinar em um ambiente tranquilo. Todas as medidas adotadas têm como objetivo estabelecer uma cultura de paz e garantir às nossas crianças o direito de aprender e sonhar com um futuro.

O Regimento Escolar Básico do Ensino Fundamental determina aos estudantes que não será permitido qualquer comportamento de agressão física, verbal ou eletrônica a aluno, professor, funcionário da unidade ou demais representantes da comunidade escolar. Também não será permitido o uso de adereços que expressem insinuações sexuais nas dependências da escola, bem como o uso do celular e de quaisquer aparelhos eletrônicos portáteis nas salas de aula."

http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2010/07/professores-relatam-casos-de-violencia-de-alunos-em-escolas-do-rio.html

sexta-feira, 9 de julho de 2010

A lógica da vingança no Brasil contemporâneo - Luís Carlos Lopes

Mesmo na festa do futebol, percebe-se a dificuldade de se perdoar e compreender os erros dos outros. A seleção verde-amarela foi derrotada na última Copa do Mundo e muitos torcedores derramaram o seu ódio contra alguns jogadores e, especialmente, contra o técnico.

A idéia da retaliação, do ‘olho por olho, dente por dente’, teria nascido na Babilônia, na região onde atualmente fica o Iraque há quase quatro mil anos atrás. Generalizou-se nas civilizações da Antiguidade Clássica, orientais e ocidentais, sendo criticada e considerada bárbara a partir do advento do cristianismo. Vingar com o máximo de violência possível, impondo a verdade de uns sobre a dos outros se tornou uma crença universal e de farto uso na história da humanidade. Infelizmente, tais práticas estão ainda muito vivas e com peculiaridades contextuais.

O Velho Testamento e o Corão consideraram este princípio como natural. Sua aplicação no reino dos homens foi interpretada como algo correto e necessário. Mesmo nestes antigos códigos religiosos, encontram-se ambigüidades e contradições no que se refere ao uso da pena de Talião. Nela, a justiça foi entendida como punição extrema iluminada pela vontade divina.

A lógica da vingança poderia também ser chamada de lógica de punição, sem a existência do direito de defesa assegurado. A descrição do julgamento de Cristo, contida nos Evangelhos, informa sobre um tipo de justiça, onde o juiz lava as mãos e a condenação já está decidida antes da formalidade processual. Não há defesa possível e o próprio julgamento já é o início da punição que levará o condenado à morte dolorosa por ter idéias desviantes do poder da época.

Não há certeza histórico-material da existência deste tão famoso personagem injustiçado. Entretanto, os Evangelhos, se lidos por quem não é religioso e dogmático, consistem em importante fonte para a compreensão de velhos costumes da humanidade. Segundo esta fonte, como repetem muitas outras de origem pagã, assim funcionava o Império Romano. Não era possível discordar ou fugir da punição. A execução sumária tinha livre trânsito, sendo usada contra opositores políticos, escravos rebelados, estrangeiros descontentes etc. Foi também utilizada contra os cristãos, nos três primeiros séculos de existência deste culto em Roma.

A condenação da vingança feita nos Evangelhos foi esquecida pela Igreja medieval em luta contra os seus dissidentes e os árabes. Na época das grandes navegações e da formação dos impérios coloniais europeus, a mesma lógica foi o mote da exterminação e sujeição dos indígenas das Américas e da justificação da escravidão dos africanos. Houve contestações no seio da Igreja que se dividia entre o pragmatismo colonial e a doutrina cristã. Predominou a visão que em nome de Cristo e da religião tudo era válido e permitido. A lógica da vingança conseguiu dar um jeito de burlar os Evangelhos e ter livre curso.

A mesma fé servia para justificar todos os ângulos do processo histórico, inclusive o da disputa entre as potências coloniais. Os livros sagrados eram iguais ou similares, entretanto, suas leituras interpretativas específicas davam o verdadeiro tom do uso das doutrinas na vida prática. Os protestantes, com uma interpretação mais próxima do Velho Testamento estavam mais livres para praticar a vingança em nome de deus. Até hoje, é possível notar que estes assumem mais facilmente a vingança do que os tributários da interpretação católica do mesmo cristianismo. Comumente, estes últimos tendem a fazer algo parecido, com disfarces na linguagem e estilos próprios.

No Brasil, por exemplo, não se tem a pena de morte oficial há mais de cem anos. Entretanto, de há muito, a execução extrajudicial mata mais por aqui do que em qualquer país onde se peça a morte oficial de quem cometa crimes violentos. A história do Brasil colonial e imperial é cheia de casos de violência vingativa brutal, como no conhecido exemplo de Tiradentes e da Guerra do Paraguai. Na jovem república, não faltaram exemplos de vinganças de todo o tipo cometidas pelo Estado contra insurgentes, tais como as praticadas em Canudos, Contestado etc.

Os fora-da-lei sempre foram tratados no Brasil com brutalidade máxima. A tortura é uma velha instituição originária da escravidão e ainda hoje usada contra os presos comuns. Apesar de ser usada como uma prática de Estado, ela sempre encontrou forte apoio social. Desejosos de uma segurança negada pelo Estado, vários estratos sociais, inclusive parcelas expressivas dos pobres, acreditaram e acreditam que a violência extrema é um bom modo de conter o crime e de trazer segurança à população e aos interesses patrimoniais. O baixo nível de compreensão política, amplamente cultivada pelas elites e pelas mídias, dissocia o crime de problemas sociais, tais como o desemprego e a ignorância.

Na ditadura Vargas e na época da ditadura militar, o mesmo expediente foi um dos pilares da opressão destas fases da vida política nacional. A lógica da vingança, expressa com todas as cores sanguinolentas da tortura, da execução e da prisão, serviu como um meio convincente de estabilizar regimes impostos à sociedade de modo arbitrário, isto é, frutos de golpes de Estado e da manipulação da opinião das maiorias. Os poderosos vingaram-se dos que ousaram discordar de seus métodos e defenderem alternativas ao status quo. A diferença de um passado remoto, é que isto passou a ser feito sem maior alarde. Sabia-se que os crimes eram praticados, mas eles não eram assumidos publicamente. Difundia-se o medo de modo parcimonioso e direcionado aos alvos que se queria atingir.

A lógica da vingança continua viva no tecido social brasileiro. Não se trata de algo que se relaciona exclusivamente ao ato de governar. Está presente em mil e um fatos da vida cotidiana do país. É possível vê-la nas relações interpessoais, infelizmente, povoadas de atos desta natureza. Ódios irracionais contra o que não se compreende bem, e, por vezes, se imagina como algo único e fundamental para vida de cada um. A lógica da vingança implica inventar inimigos e esquecer dos verdadeiros algozes.

Mesmo na festa do futebol, percebe-se a dificuldade de se perdoar e compreender os erros dos outros. A seleção verde-amarela foi derrotada na última Copa do Mundo e muitos torcedores derramaram o seu ódio contra alguns jogadores e, especialmente, contra o técnico. Torceram contra seleções latino-americanas, esquecendo o que o Brasil representa no mundo contemporâneo. Não lembraram ou não sabem que o futebol atual é um negócio com múltiplas faces e interesses envolvidos, continuando a ser um jogo, com possíveis resultados aleatórios. Este excesso de paixão demonstra a persistência de uma visão antiga, punitiva e raivosa.

A lógica da vingança esconde um fato capital. Toda a vingança extrema é injusta e incapaz de reparar qualquer problema causado por alguém. A punição deve ser dosada e calculada na tentativa de se evitar que os mesmos problemas se repitam. Se não se pode fazer a roda da história andar no sentido contrário, deveria, então, ser possível evitar que o mesmo problema ocorresse no passo seguinte. Não é necessário dizer ao leitor que é difícil se ver iniciativas nesta direção.


Luís Carlos Lopes é professor e escritor.

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