terça-feira, 22 de novembro de 2011

Os emergentes: quatro caminhos e um atalho - José Roberto Torero

No futebol também temos emergentes. E eles formam o TOSC. No caso, os clubes são Tupi, Oeste, Santa Cruz e Cuiabá. Os quatro conseguiram o acesso para a Série C do Brasileiro. Eles são muito diferentes em algumas coisas e parecidos em uma.


Você certamente já ouviu falar no BRICS, um acrônimo que identifica o grupo formado por cinco países emergentes: Brasil, Rússia Índia, China e África do Sul.

Pois no futebol também temos emergentes. E eles formam o TOSC. No caso, os clubes são Tupi, Oeste, Santa Cruz e Cuiabá.

Os quatro conseguiram o acesso para a Série C do Brasileiro. Eles são muito diferentes em algumas coisas e parecidos em uma.

O Cuiabá é um jovem clube empresa, criado em 2001 pelo ex-jogador Gaúcho. Deu uma parada em 2006 e voltou às atividades em 2009 sob nova direção. Naquele ano ganhou a segunda divisão do campeonato mato-grossense e em 2011 foi campeão da primeira.

O Oeste é de Itápolis e já tem vetustos 91 anos. Em 1997 estava na quinta divisão do futebol paulista. Mas veio subindo e teve em 2011 o melhor momento de sua biografia, com a conquista do Campeonato Paulista do Interior e o acesso à Série C.

O Santa Cruz sofreu a mais rápida queda da história do futebol brasileiro. Foram três rebaixamentos seguidos. Em 2006 jogou a Série A, disputou a B em 2007, já estava na C em 2008 e foi parar na D em 2009. Mas este ano, dirigido pelo competente técnico Zé Teodoro e empurrado por sua torcida (por sua vez estimulada com o programa “todos com a nota”, que troca notas fiscais por ingressos), ganhou o Pernambucano e foi vice-campeão da Série D.

Mas é o Tupi é quem puxa a fila do TOSC. Neste domingo, o clube mineiro conquistou o Campeonato Brasileiro da Série D ao vencer o Santa Cruz em pleno Arruda, fazendo lágrimas rolarem dos 120 mil olhos presentes.

O time é uma mescla de jovens promissores e atletas experientes que ainda têm o que mostrar. E três destes veteranos são os ídolos do time:

- Luciano Ratinho, 32 anos, surgiu no Botafogo de Ribeirão Preto e depois virou um cigano, passando por Corinthians, Grêmio, Paysandu, Sertãozinho, Monte Azul, Coreia do Sul, China e Portugal até chegar ao Tupi.

- O veterano Ademílson, centroavante de 37 anos, teve sua melhor fase no Botafogo do Rio, em 2002. Não é muito habilidoso, mas é um touro. Seu passaporte tem carimbos do México e da Bélgica. Chegou ao Tupi em 2007 e tem sido tão importante para o clube que ganhou o título de cidadão honorário de Juiz de Fora.

- E o xodó da torcida é Allan Taxista, um jogador que começou a jogar profissionalmente só em 2006, aos 27 anos. Antes, como diz o nome, dirigia um táxi na cidade. Mas se destacava tanto nos jogos de várzea que acabou chamado para o time profissional.

Para dirigir a equipe, o escolhido foi Ricardo Drubscky, professor de Educação Física e autor do livro “O Universo Tático do Futebol – Escola Brasileira”. Em sua carreira trabalhou principalmente com divisões de base, como no Cruzeiro-MG e no Atlético-PR, o que deve ter ajudado com os novatos do time de Juiz de Fora.

Outro fator que contribuiu para o sucesso do Tupi foram os patrocinadores. Há alguns mais portentosos, como o banco BMG (que patrocina vários times da primeira divisão nacional) e a MRS, uma grande operadora ferroviária de cargas, além de outros menores, como um supermercado da cidade, uma academia de ginástica e uma concessionária. E, é claro, há uma ajuda da prefeitura, o que sempre me parece errado, pois prefeituras têm que gastar é com necessidades básicas, como educação e saúde.

De qualquer forma, o dinheiro do patrocínio chegou um pouco tarde. Em 2009 o clube vendeu praticamente a metade da área de sua sede social a fim de sanar dívidas. E em fevereiro deste ano teve a água cortada por falta de pagamento.

Pois bem, eu vos pergunto: O que há em comum entre os quatro clubes do TOSC?

E eu vos respondo: Uma melhora de gerenciamento.

Eles partem de princípios diferentes. O Cuiabá é um time-empresa, enquanto o Tupi é apoiado pela prefeitura. O Oeste tem um investidor como dirigente, enquanto o Santa Cruz passou a ser comandado por políticos (o atual presidente é vereador e o anterior é o atual Ministro da Integração Nacional).

Mas os quatro sofreram uma mudança de gestão que os fez dar um salto de qualidade.

Duas ou três boas gestões melhoram um bocado a vida de um clube.

Talvez seja o mesmo que ocorreu no Brasil. Na última década e meia tivemos um pouco mais de competência e subimos de divisão.

Mas é bom lembrar que ainda estamos na Série C.

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segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Copa do Mundo criou 'cidades neoliberais', avaliam urbanistas - Najla Passos

Decisões político-urbanísticas estariam subordinadas a interesses privados nas doze capitais brasileiras que vão sediar partidas da maior competição esportiva do planeta em 2014. Despejo de comunidades carentes por causa de obras e controle do espaço público para atender patrocinadores seriam exemplos visíveis de predomínio da lógica mercantil.


RIO DE JANEIRO – Comitês populares criados nas 12 cidades-sede da Copa do Mundo de 2014 reclamam que a realização do megaevento – e também da Olimpíada de 2016 – está motivando intervenções nos municípios que extrapolam a seara esportiva de modo prejudicial a seus habitantes. Queixam-se que os espaços públicos estariam sendo mercantilizados, que a especulação imobiliária corre solta, que famílias estão sendo despejadas por causa das obras.

Este tipo de crítica não se limita a quem muitas vezes está sentindo os problemas na pele. Também encontra eco em urbanistas. "Estamos frente a um novo pacto territorial, redefinido por antigas lideranças paroquiais, sustentadas por frações do capital imobiliário e financeiro, e amparadas pela burocracia do Estado”, disse Orlando dos Santos Junior, mestre e doutor em Planejamento Urbano e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Santos Junior integra o Observatório das Metrópoles, um instituto virtual que reúne cerca de 150 pesquisadores na discussão de temas urbanos. Para ele, os megaeventos esportivos alteraram o processo decisório nas cidades. Investimentos públicos e privados orientam-se agora em função dos eventos, não das necessidades das pessoas. Corte de impostos, transferência de patrimônio imobiliário e remoção de comunidades de baixa renda seriam exemplos disso. “Essas remoções são espoliações, já que as aquisições são feitas por preços muito baixos”, afirmou.

Mestre em arquitetura e urbanismo, a professora da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB) Nelma Oliveira acredita que os megaeventos estão criando o que ela chama de “cidades neoliberais”. Nelas, decisões políticas e urbanísticas estariam subordinadas aos interesses privados. Isso seria visível nas regras de exploração comercial. “Existe um controle do espaço público para atender aos patrocinadores, que querem o espaço das cidades, e não apenas do estádio”, disse.

Além das comunidades carentes vítimas de remoção, Nelma aposta que trabalhadores informais e profissionais do sexo vão ser reprimidos. “Limpar a cidade e proibir a atuações desses grupos faz parte do processo de higienização das metrópoles”, afirmou a professora, que participou nesta sexta (18), junto com Santos Junior, de debate em seminário sobre comunicação que acontece no Rio.

Presente ao mesmo debate, o jornalista Paulo Donizetti, editor da Revista do Brasil, afirmou que os megaeventos deveriam ser uma oportunidade de a sociedade discutir políticas públicas. Mas o país não estaria aproveitando. “Qual poderia ser o legado humano desses eventos? Fala-se muito do legado físico, mas não se fala em aproveitar as Olimpíadas de 2016 e desenvolver uma política esportiva”, criticou.

Segundo ele, ao contrário de outros países latino-americanos, o Brasil não tem um programa esportivo universalizado. “Por que o esporte, no Brasil, é para poucos? Nós estamos preparando uma reportagem sobre a Copa e já descobrimos que 70% das escolas brasileiras não tem nenhuma quadra”, disse

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O divino delinquente - José Roberto Torero

Como o Santos vai disputar o mundial em menos de 50 dias, gostaria de entrevistar um jogador que tivesse participado do jogo último título em 1963, o 1 a 0 contra o Milan, no Maracanã. Para isso, recorri ao grande místico Zé Cabala, supremo correio dos espíritos, competentíssimo MSN das almas.
José Roberto Torero

Quando preciso entrevistar algum jogador que já enxerga a grama pelo lado da raiz, recorro ao grande místico Zé Cabala, supremo correio dos espíritos, competentíssimo MSN das almas. Foi o que fiz ontem.

“Há quanto tempo, nobre foliculário”, disse ele quando me viu chegar à porta de sua casa. “Quem vamos entrevistar hoje? Um craque? Um grande artilheiro? Se você estiver pensando num dirigente honesto, vai ser mais caro, que esses são difíceis de achar.”

Pouco depois estávamos em sua sacrossanta sala de meditação transcendental, que gente incrédula e sem lustro chamaria de quartinho dos fundos. Enquanto ele ajeitava o turbante, expliquei que, como o Santos vai disputar o mundial em menos de 50 dias, gostaria de entrevistar um jogador que tivesse participado do jogo último título em 1963, o 1 a 0 contra o Milan, no Maracanã.

Mal ouviu meu pedido, Zé Cabala começou a se concentrar, apertando tanto seu turbante que ele desceu sobre seus olhos. Então, de repente, deu nove giros ligeiros, uns passos de frevo, e, caindo na poltrona, disse com saboroso sotaque recifense:

“Almir Pernambuquinho, às suas ordens.”

Fui direto ao assunto: “É verdade que o senhor tomou anfetamina na final do Mundial de 1963?”

“Claro que é. O bicho era de dois mil cruzeiros. Dava para comprar um Volkswagen zerinho. E era normal tomar uns negócios para correr mais. Ainda mais que não tinha exame antidoping naquele tempo. Mas você acha que os caras do Milan não tomaram umas bolinhas? Claro que tomaram! Mas hoje em dia todo mundo posa de santo...”

“Naquela partida, o senhor jogou no lugar do Pelé?”

“Ele estava machucado. Eu peguei a camisa numero dez mais famosa do mundo e fiz uma promessa a mim mesmo: ‘Vou jogar por mim e pelo Negão’.”

“E o juiz estava comprado mesmo?”

“Olha, um dirigente do Santos disse que eu podia bater a vontade que o juiz não ia fazer nada. Mas o pênalti que eu sofri foi pênalti mesmo. É só olhar a imagem. É que ninguém vê. Vocês do esporte só ficam repetindo o que o que os outros jornalistas falam. Aí alguém disse que o pênalti foi cavado e todo mundo repete isso até hoje. É assim que mentira vira verdade.”

“E as brigas?”

“Bom, isso não é invenção, eu brigava mesmo. Desde o meu primeiro título, pelo Sport, em 1955. A gente ganhou o campeonato pernambucano juvenil, mas na final teve um garoto que me xingou o jogo todo. Quando a partida acabou, botei as chuteiras nas mãos, que nem luva de boxe, e fui atrás do sujeito.”

“Depois do Sport, o senhor foi para o Vasco?”

“Isso. Foi nessa época que começaram a me chamar de Pelé Branco. Mas o apelido que pegou mesmo foi dado pelo Nelson Rodrigues: Divino Delinquente.”

“Depois do Vasco...”

“O Corinthians me comprou por uma fortuna. Mas não dei sorte por lá. Só fiz cinco gols em 29 jogos. Então fui para o Boca Juniors, onde fui campeão argentino em 1962, depois dei uma passada por dois times da Itália, fui para o Santos, daí para o Flamengo, e acabei no América.

“Na seleção você não deu certo?”

“Nunca gostei de seleção. É coisa falsa. Os jogadores trocam porradas em seus times e lá parecia que nada tinha acontecido. Eu não aceito isso, não.”

“A sua briga mais famosa foi na final de 1966, não é?”

“É.”

“Dei uma pesquisada no Google e lá está escrito que o senhor começou a briga para que o Bangu não desse a volta olímpica.”

“Esse tal de Google inventa mais que vizinha fofoqueira. Não foi nada disso. É que um jogador do meu time, o Paulo Henrique, começou a se desentender com o Ladeira, do Bangu. Eu fui lá tirar satisfação. Quando o Ladeira me viu chegando, saiu correndo. Eu fui atrás dele. Para dar uma surra mesmo. No meio do caminho, o nosso zagueiro Itamar, um mulato de um metro e noventa, deu um salto e meteu o pé com vontade no peito de Ladeira. Ele caiu, eu vinha na corrida, fui logo chutando. O Ladeira saiu de maca e eu fui expulso.”

“Mas não foi só isso.”

“Não. Isso foi só o começo. Quando eu estava entrando no túnel, um dirigente do Flamengo gritou para mim: ‘Almir, volta lá e tira o Ubirajara do jogo!’. Ubirajara era o goleiro deles. Então eu dei meia volta e saí correndo atrás do Ubirajara. Aí foi uma briga generalizada. Soco e pontapé para todo lado. O juiz expulsou mais quatro jogadores do Flamengo e quatro do Bangu. Acabou a partida.”

“Até sua morte foi por causa de uma briga, não é?”

“Foi. Em 1973, eu estava num bar chamado Rio-Jerez, em frente à Galeria Alaska, no Rio de Janeiro. Estava com uma namorada e um casal de amigos. Na mesa da frente estavam os atores daquele grupo, os Dzi Croquetes, todos maquiados ainda. Numa outra estavam três portugueses que começaram a xingar os atores de veados e paneleiros. Eu resolvi defender os atores. Começou um bate-boca. Um dos portugueses sacou um revólver, meu amigo sacou outro e tiroteio começou. Uma bala entrou na minha cabeça. Foi meu último cartão vermelho.”

Saí da casa do nobre xamã com uma entrevista e uma certeza: Se o Santos quiser ser campeão mundial, tem que brigar. Mas sem perder a cabeça.



José Roberto Torero é formado em Letras e Jornalismo pela USP, publicou 24 livros, entre eles O Chalaça (Prêmio Jabuti e Livro do ano em 1995), Pequenos Amores (Prêmio Jabuti 2004) e, mais recentemente, O Evangelho de Barrabás. É colunista de futebol na Folha de S.Paulo desde 1998. Escreveu também para o Jornal da Tarde e para a revista Placar. Dirigiu alguns curtas-metragens e o longa Como fazer um filme de amor. É roteirista de cinema e tevê, onde por oito anos escreveu o Retrato Falado.


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Tabela da Copa: Brasil fora do Maracanã é ultraje histórico - Fernando Vives

Ao ser perfilado pela revista Piauí de julho último, Ricardo Teixeira, o chefão da CBF, gabava-se indiretamente de ser um homem de negócios muito mais que um homem de futebol. De fato, ele pouco se importa com o esporte, e isso mais uma vez ficou claro na divulgação do calendário da Copa do Mundo 2014, sob responsabilidade dele e do secretário-geral da Fifa, Jerome Valcke.

A lista de jogos e cidades-sedes criadas pela dupla após 57 versões mostra que o Brasil só vai jogar no Maracanã caso chegue à final. Se não chegar, o novo mundial brasileiro não terá o país-sede, também conhecido como o país do futebol, jogando no templo máximo do futebol nacional.

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Não preciso nem dizer que a hipótese de uma Copa na Inglaterra não ter os ingleses jogando ao menos uma partida em Wembley faria os locais gargalhar. O mesmo valeria, por exemplo, para um Mundial uruguaio sem que a Celeste jogasse no Estádio Centenário, ou uma Copa alemã deixando a cidade de Munique de fora do calendário da tricampeã mundial.

Maracanã, Centenário e Wembley são alguns dos cinco ou seis Vaticanos do futebol, com participações decisivas em grandes momentos históricos da modalidade.

Outro ponto relevante do calendário da Copa é a estranha predileção por Brasília que, ao lado do Rio de Janeiro, será a cidade que mais vezes sediará um jogo da Copa 2014: sete no total, entre as quais a decisão de terceiro e quarto lugares.

Brasília é uma cidade periférica no futebol brasileiro. Entre as cidades que estão no Mundial, só tem mais tradição futebolística que Cuiabá e Manaus.

É bom lembrar que a capital federal já foi palco de um escândalo recente envolvendo Ricardo Teixeira através de um amistoso disputado entre Brasil e Portugal no estádio do Gama, em Brasília, em 2008. Ele é suspeito de ter embolsado 9 milhões de reais de dinheiro público que teria como destino a organização do jogo.

Ricardo Teixeira tem ligações com Vanessa Almeida Preste, acionista da empresa Ailanto Marketing, que, sem qualquer tipo de experiência em organização esportiva, foi nomeada para promover o amistoso da seleção contra Portugal. O Distrito Federal, então governado pelo demista José Roberto Arruda, pagou 9 milhões de reais para a organização do jogo, o que chegou a ser classificado como "aberração" pelo Ministério Público.

Como se vê, quando trata de futebol, tudo leva a crer que Ricardo Teixeira pensa muito mais em negócios que no esporte em si. Pena que o futebol seja muito mais que isso.


http://br.noticias.yahoo.com/blogs/de-olho-na-copa/tabela-da-copa-brasil-fora-maracan%C3%A3-%C3%A9-ultraje-151344495.html

Brasil não sabe quanto custará a Copa

A Copa do Mundo no Brasil vai tomar forma na quinta-feira, quando a Fifa divulgará o calendário com datas, locais e horários dos jogos. No dia 30, completam-se quatro anos que o País foi anunciado como sede da competição. Desde então, algumas coisas foram feitas, mas há muito por fazer. Os estádios ficarão prontos a tempo. O mesmo não se pode garantir em relação aos aeroportos e às 49 obras de mobilidade urbana ligadas à Copa. "Certeza" absoluta, só uma: ninguém sabe quanto ficará a conta da empreitada.

No último balanço divulgado pelo governo federal, em setembro, o custo da Copa, considerando-se o dinheiro a ser investido em estádios, portos e aeroportos e em mobilidade urbana, foi estimado em R$ 27,1 bilhões. Aumento de cerca de 14% em relação aos R$ 23,1 bilhões do balanço de janeiro e de 26% sobre os R$ 21,5 bilhões de previsão feita em 13 de janeiro de 2010, quando o ex-presidente Lula assinou a Matriz de Responsabilidade.


Esses R$ 27,1 bilhões estão a anos-luz de uma estimativa feita pela Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), que calculou em R$ 112 bilhões o custo com a Copa. O estudo da associação, que tem parceria técnica com a CBF e o Ministério do Esporte, inclui também gastos com hotelaria, segurança, tecnologia e saúde, entre outros. Mesmo assim, a diferença é grande, pois o balanço do governo acrescenta apenas R$ 10,3 bilhões para esses itens.


Os números são mesmo conflitantes. Na sexta-feira, o governo divulgou atualização na Matriz de Responsabilidade e a conta baixou para R$ 26,1 milhões. "A Matriz é um documento que precisa ser atualizado com os ajustes que são feitos enquanto a obra está em andamento. Isso é essencial para a transparência do processo", esclareceu Alcino Reis, secretário Nacional de Futebol e Defesa dos Direitos do Torcedor do Ministério do Esporte. Mas não evita, ou diminui, a confusão. No mesmo dia, a Controladoria Geral da União (CGU)inaugurou ferramenta no portaldatransparência.gov.br que permite acompanhar os custos estimados por área de investimento. Valor da soma dos gastos com estádios, aeroportos e portos e mobilidade urbana: R$ 24,024 bilhões. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo

http://br.noticias.yahoo.com/brasil-sabe-custar%C3%A1-copa-095400862.html