quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Diga-me com quem "não" andas e te direi quem és - José Roberto Torero

Diga-me com quem "não" andas e te direi quem és - José Roberto Torero

Do mesmo jeito que nossos amigos nos definem, nossos inimigos também explicam quem somos. Não existiria Tom sem Jerry, Coyote sem Bip-Bip, Coringa sem Batman, Lex Luthor sem Super-Homem, MDB sem Arena. E, nesta reta final do Brasileiro, definem até se seremos ou não campeões, se seremos ou não rebaixados.

O célebre ditado bíblico bem poderia ser como está aqui no título, com este “não” a mais.

Do mesmo jeito que nossos amigos nos definem, nossos inimigos também explicam quem somos. Não existiria Tom sem Jerry, Coyote sem Bip-Bip, Coringa sem Batman, Lex Luthor sem Super-Homem, MDB sem Arena.
Os antípodas ajudam a definir nossa identidade. E, nesta reta final do Brasileiro, definem até se seremos ou não campeões, se seremos ou não rebaixados.

Quando começaram os pontos corridos tivemos alguns finais de campeonatos com jogos modorrentos e marmelosos. A imprensa chiou e a CBF finalmente colocou os clássicos estaduais e regionais nas últimas rodadas. Deu certo. Tanto que no próximo domingo teremos dois clássicos emocionantes, Corinthians x Palmeiras e Vasco x Flamengo, jogos que definirão o Campeonato Brasileiro.

Serão partidas memoráveis para os vencedores e, infelizmente, inesquecíveis para os perdedores.

Para corintianos e vascaínos será a chance de uma alegria dupla: ser campeão e ainda vencer seu arqui-inimigo. Uma festa completa. A glória conquistada contra o grande adversário no momento final, assim como num filme da Sessão da Tarde.

Para palmeirenses e flamenguistas será a oportunidade de ganhar um campeonato de consolação, o campeonato de um só jogo. Os palmeirenses chegam a falar em “salvar o ano” com uma vitória sobre o Corinthians.

As declarações dos palmeirenses são explícitas. Valdívia disse que “É uma questão de honra”, Deola falou “Temos que vencer de qualquer jeito”, e o presidente palmeirense prometeu bicho em dobro.

Por outro lado, Tite, o técnico do Corinthians, diminui a temperatura do jogo dizendo: "É muito pobre o cara se motivar para ferrar o adversário".
Pode ser pobre, mas é humano. Trazer a tristeza ao inimigo também é uma forma de ser feliz.

E ainda outros duelistas. No Sul, por exemplo, o Grêmio tentará impedir o Inter de se classificar para a Libertadores. Por sua vez, o Colorado lutará para que o Grêmio não entre na Sul-Americana.

Coritiba e Atlético-PR farão um clássico de esperanças. O Atlético tem que vencer para escapar do rebaixamento. O Coritiba precisa da vitória para ir à Libertadores. Um precisa ganhar para chegar ao céu, o outro, para escapar do inferno. E os dois lutarão pra impedir o sonho alheio.

Em Minas Gerais não é muito diferente. O Galo, mesmo já não tendo nenhum interesse no Brasileiro, vai se esforçar para vencer o ameaçado Cruzeiro, time que se gaba de nunca ter caído para a Série B.

Mesmo o já rebaixado Avaí vai se esfalfar para impedir que o Figueirense chegue à Libertadores. Seria uma vitória final que manteria a honra do clube. Uma vitória do sadismo.

O curioso é que muitos rivais talvez saíssem ganhando mais se se unissem. Mas vá falar a um torcedor do Guarani que seu time deveria se juntar à Ponte Preta para que Campinas tenha um time realmente forte. Vá falar a um comercialino que sua equipe e o Botafogo deveriam se unir e fazer o Ribeirão Preto Futebol Clube. Vá falar a um petista que seu partido é mais parecido com o PSDB do que ele pensa, e que os dois poderiam formar uma única e vitoriosa agremiação.

Não tem jeito. Há oposições que definem posições, inimigos que explicam quem somos. Mesmo que seja pior para todos.

http://www.cartamaior.com.br/templates/colunaMostrar.cfm?coluna_id=5331&boletim_id=1067&componente_id=17080

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