terça-feira, 24 de maio de 2011

Analfabetismo entre negros é o dobro

A taxa de analfabetismo das pessoas negras no Brasil, segue sendo maior que
o dobro do que ocorre entre as pessoas brancas, correspondendo a 71,6% do
6,8 milhões considerados analfabetos. Esse é um dos indicadores constantes
do Relatório Anual das Desigualdades Raciais no Brasil – 2009/2010.

Veja os outros principais indicadores

1. Afrodescendentes têm menor chance de acesso ao sistema de saúde. Taxa de
não cobertura ao sistema chega a quase 27% (brancos, no entorno de 14%)

2. Entre 1986 e 2008 a Taxa de Fecundidade Total (TFT) de mulheres negras
(48,8%) cai de forma mais acelerada que das mulheres brancas (36,7%), mas as
negras se sujeitam com mais intensidade às laqueaduras. Quase 30% em idade
fértil estão esterilizadas; brancas, 21,7%)

3. Mulheres negras têm menor acesso aos exames ginecológicos preventivos:
37,5% nunca fizeram exame de mamas (brancas, 22,9%), 40,9% nunca fizeram
mamografia (brancas, 26,4%), 15,5% jamais fizeram o Papanicolau (brancas,
13,2%)

4. Cresce o peso relativo de Aids junto à população negra, especialmente no
sexo feminino. Desde 2006, a taxa de mortalidade por 100 mil habitantes das
negras é superior à das brancas. Letalidade da Aids é maior entre os negros

5. A população negra é mais acometida pela infecção e morte por sífilis. No
ano de 2008, do total de bebês infectados por sífilis congênita, 54,2% eram
negros.

6. Mães de crianças negras têm menor acesso ao exame pré-natal (somente
42,6% fizeram mais de sete exames; no caso das brancas, 71%) e recebem
atendimento menos cuidadoso no sistema de saúde, sugerindo a presença do
racismo institucional. Por exemplo, mães que fizeram exame ginecológico até
dois meses depois do parto: 46,0%, entre as gestantes brancas; 34,7%, entre
as gestantes pretas & pardas.

7. Mães de crianças negras têm maior probabilidade de falecer por
mortalidade materna. Morrem por dia cerca de 2,6 mulheres afrodescendentes
por causas maternas (mulheres brancas, 1,5 por dia)

8. Negros são os mais beneficiados pelo Programa Bolsa-Família. Uma em cada
quatro famílias chefiadas por afrodescendentes recebia o PBF (brancos,
9,8%). Peso deste Programa junto a esta população tem maior efeito no alívio
das situações de Insegurança Alimentar extremadas. Por exemplo, o PBF
permitiu a elevação do consumo de arroz por parte dos pretos & pardos em
68,5%, ao passo que entre os brancos o aumento foi de 31,5%. No caso do
feijão ocorreu elevação no consumo pelos pretos & pardos de 68,0%, frente a
32,0% no aumento do consumo entre os brancos

9. Crianças e adolescentes afrodescendentes entre 4 e 17 anos são mais
dependentes da merenda escolar para sobreviver: 60,6% são usuários deste
tipo de recurso (brancas: 48,1%)

10. População negra tem menor probabilidade de acesso à Previdência Social.
Em 2008, peso relativo dos trabalhadores pretos & pardos com acesso ao
sistema era dez pontos percentuais menor em relação aos brancos. No caso das
mulheres negras 20% das seguradas o eram na condição de Segurada Especial
(entre as mulheres brancas, 10%)

11. Estudo especial da Unicamp feito para o Relatório mostra que negros tem
menor esperança de sobrevida no conjunto das faixas de idade selecionadas.
Fator Previdenciário aprofunda desigualdades raciais

12. Relatório revela que a Constituição de 1988 não é cumprida quando se
trata do acesso da população negra ao sistema escolar. Descumprimento é
generalizado. Entre as crianças negras entre 11 e 14 anos nem metade
estudava na série esperada.

13. Crianças e adolescentes negros têm pior desempenho escolar e sofrem com
condições de ensino mais precárias. Taxa de crianças negras estudando em
escolas públicas é de 90% (brancas 80%). Mais de um terço das escolas
públicas frequentadas por alunos negros tem ou nenhuma ou pouca condição de
adequação de infraestrutura. Nem 20% têm condições de segurança boa ou muito
boa

14. Jovens afrodescendentes são mais expostos ao abandono escolar e à
frequência à escola em idade superior à desejada. Um em cada quatro jovens
negros que fizeram o ENEM tiveram relatos de ter sofrido discriminação
racial

15. Vinte anos depois da Constituição de 1988, a taxa de analfabetismo das
pessoas negras segue sendo mais que o dobro do que a das pessoas brancas.
6,8 milhões de pessoas em todo país que frequentam ou tinham frequentado a
escola são analfabetos, os pretos & pardos correspondem a 71,6% deste total.

16. Crianças afrodescendentes com idade inferior a 6 anos têm mais
dificuldade para ingressar nas creches e no sistema regular de ensino. 84,5%
das crianças negras de até 3 anos não frequentavam creches; 7,5% das
crianças negras de 6 anos estavam fora de qualquer tipo de escola e apenas
41,6% estavam no sistema de ensino seriado

17. Réus vencem causas nos tribunais com maior frequência diante dos casos
de denúncia de racismo. 66,9% nos Superiores Tribunais de Justiça. 58,5% nos
Tribunais Regionais do Trabalho de 2ª instância

18. O Relatório Anual das Desigualdades Raciais traz, ainda, dados inéditos
sobre desigualdades raciais contra pessoas afrodescendentes nos EUA, Cuba,
Equador, Colômbia, Uruguai e Comunidade Europeia.

Fonte: Afropess

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