segunda-feira, 22 de março de 2010

Por que a escola ainda é chata?

Por que a escola ainda é chata? Por que os alunos adoram quando bate o sinal (do recreio e da saída)? Por que, quando tem feriadão chegando, parece que os alunos contam os dias e reclamam que o tempo não passa? Por que, quando algum colega falta, escutam-se gritos e comemorações? E, finalmente, por que quando há tempo livre, tooodo mundo vai pro pátio "mexer o esqueleto"? É corda, pique, futebol...

Nossos alunos, geralmente tão interessados pela vida fora dos muros da escola, parecem cada dia mais entediados com o amontoado de saberes que, toooodos os dias, a escola os faz engolir. Por que a escola não é tão legal quanto poderia ser?

O que irrita e enfada os alunos na escola é sentir-se "(...)como uma cabeça numa bandeja, num horrível pesadelo de tetraplegia intelectual"(Morais,2000). O fato de a escola amontoar saberes e não dar-lhes significado faz com que o pensar cosmicamente/ecologicamente não se realize. Onde está o conhecimento que perdemos na informação?; onde está a sapiência que perdemos no conhecimento?, pergunta-nos
Morin...

Na medida em que a escola parece um muro cinza à parte da vida, ela não é uma escola da ou para a vida... Não a vida em sua plenitude. Como afirma Chalita (2001), se um ser humano fosse congelado no séc. XIX e acordasse hoje, provavelmente o lugar em que se seniria mais à vontade seria... a escola! Hmmm, vejamos: quadro negro, giz, livros, professor derramando informações e... alunos sentados! "Ah, isso eu
conheço bem!", pensaria.

De fato, é mais que urgente a necessidade de enxergar o corpo, de fazer fluir o conhecimento entre as disciplinas, de mesmo atravessá-las e confundi-las.
O corpo teria papel fundamental. Ao realizar atividades corporais (fora das cadeiras!!!), é possível, apenas à primeira vista (tipo 'brain storm'), trabalhar, ensinar e refletir sobre:

- O corpo humano (seua aspectos mais superficiais ou profundos, saúde etc); Biologia/Ciências/Ed. Física/Química/

- Matemática & Física: resolução de problemas em cima das questões surgidas nas atividades corporais, de jogos, espontâneas, etc. Quantidade de alunos, de material; tempo, espaço,velocidade, área, etc.

- Português: questões surgidas entre os alunos como tema de redação, trabalhos de grupo, trabalhar gramática em cima de frases surgidas das conversas/questões entre alunos.

Tá legal, a escola também tem coisas legais, ela não é esse monstro todo; mas ela podia - e deveria - ser muito mais prazerosa... Utopia? Como diz Galeano (foi ele quem eu vi dizer):"Ela dá dois passos para trás, eu dou mais dois adiante." Há muito a se fazer...

(fonte perdida...)

Amor, aborto e Dia Internacional da Mulher - Gilson Caroni Filho

A reação da direita à proposta de descriminalização do aborto, contida na terceira edição do Programa Nacional de Direitos Humanos, deve ser objeto de reflexão nessa segunda feira, 8 de março. A celebração do centenário da declaração do Dia Internacional da Mulher não pode passar ao largo de bandeiras caras ao movimento feminista que, nas últimas três décadas, lutou pelo direito da mulher de deliberar sobre seu corpo, sua vida e o permanente questionamento da divisão sexual no trabalho e na vida cotidiana.

A questão de fundo, por trás da gritaria dos setores conservadores e da sua grande imprensa, é a apropriação sistemática do corpo feminino por uma ideologia autoritária que se julga no direito de legislar para a mulher, negando a ela qualquer protagonismo. Sem contar a falácia da defesa do "livre-arbítrio" que seduz parcelas expressivas da classe média, sempre contando com discursos inversamente proporcionais aos seus atos cotidianos. Argumentar, simplesmente, que não cabe ao Estado programar políticas públicas sobre o que deve ser decisão privada das famílias, é incorrer em três erros fundamentais.

Em primeiro lugar, tal visão supostamente esclarecida, coloca a família como uma instituição à parte da sociedade, sem levar em conta seu papel na reprodução, organização e manutenção da força de trabalho, já fartamente regulamentado pelo Estado, através do Código Civil e da proibição do aborto. Admite, em última instância, que cabe à estrutura familiar- leia-se à mulher- a responsabilidade não só pela reprodução, mas também pela educação, alimentação e saúde dos filhos. E é nesse ponto que se juntam “liberais”, reacionários e a Igreja Católica.

Ao fechar os olhos às diferenças econômicas que obrigam grande parte das mulheres pobres a recorrer a procedimentos abortivos arriscados ao invés de ter assistência médica devida, os arautos da criminalização, alimentam a linha de montagem da saúde que só prospera a partir de um aparelho reprodutor lesado em " açougues" sem qualquer estrutura de atendimento. Por tudo, bem diferentes das clínicas caras a que recorrem suas congêneres mais abastadas.

Os que atacaram o Ministro da Secretaria Especial de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, por defender uma ”bandeira feminista”, fingem ignorar um fato que é de conhecimento internacional: em todos os países onde o aborto foi descriminalizado a redução do número de casos foi enorme.

O acesso a uma clínica-ginecológica obstétrica normal inscreve a mulher em um programa de controle da reprodução. Ao invés do risco cirúrgico, a orientação clínica prestada por consultórios legalizados de interrupção voluntária da gravidez. Uma mudança que faz toda a diferença quando o valor maior é a integridade do ser humano.

Lutar pela vida é querer que o Estado se responsabilize pelo atendimento à saúde das mulheres nas diferentes fases da vida. Que coloque à disposição de todas elas o conhecimento e acesso a métodos de contracepção, ampliando o número e a qualidade dos postos de saúde. A opção por não ter filhos deve vir acompanhada por investimentos que facilitem a opção pela maternidade desejada.

Planejamento familiar significa, antes de qualquer coisa, condições reais de alternativas que não existem numa conjuntura de preconceito, exploração econômica, racismo, e onde o aborto é considerado um ato criminoso. Se, por volta dos anos 1970, a luta feminista era tratada pela Academia e pelos meios de comunicação como ideologia importada, há um bom tempo ela é reconhecida como expressão social interna da sociedade brasileira.

Repensar o pacto doméstico, atenuando a dupla jornada e reivindicar, como faz a CUT, a “ratificação da Convenção 156 da Organização Internacional do Trabalho (OIT)– atualmente aguardando votação na Câmara dos Deputados –, que determina a equidade de tratamento e oportunidades para os trabalhadores dos dois sexos com responsabilidades familiares, e a ampliação das licenças maternidade e paternidade para seis meses" são maneiras explícitas de declarar amor às mulheres.

Como explica em entrevista ao Portal Mundo do Trabalho, a Secretária Nacional da Mulher Trabalhadora da Central Única dos Trabalhadores, Rosane Silva, “um dos argumentos para não contratar ou não promover nossas companheiras é que ficamos muito tempo fora da empresa devido à licença-maternidade". É a lei do valor redefinindo o significado da Lei do Ventre Livre.

Reconhecer o valor da mulher é lutar ao lado dela por conquistas legais e pela implementação de políticas públicas que respondam satisfatoriamente a reivindicações seculares. Avançar com propostas globais, estruturais é acariciar uma síntese de múltiplas gerações. Convém mandar flores.

fonte: http://www.cartamaior.com.br/templates/colunaMostrar.cfm?coluna_id=4562&boletim_id=655&componente_id=10942

sexta-feira, 12 de março de 2010

A “educação física” enquanto “educação e movimento”

O movimento, que é associado ao trabalho e também à transformação, tradicionalmente é relegado a um campo marginal de conhecimento no meio escolar. Entretanto, sua suposta “ausência” entre os educandos sempre esteve presente, principalmente na estrutura organizacional escolar e nas idéias, formando assim pessoas “estagnadas” – tanto no aspecto corporal, quanto no campo de pensamentos e sentimentos (obs.: esta ilustração é didática apenas, pois assumo a concepção de ser humano integral e as linhas “teóricas” correspondentes, não concebendo tais divisões como realmente existentes). A própria expressão “educação física” demonstra esta problemática.

Entendendo que o movimento é essência da, ou melhor, é a própria vida, a educação física teria enquanto objeto de conhecimento o ser humano e sua relação com o movimento. Assume-se assim a questão da transformação dos paradigmas clássicos da área, como a tendência tradicional e tecnicista, assim como a forte influência esportivista. Árdua tarefa, visto que é uma minoria de educadores da área alinhados com a transformação, reforçando a situação e colaborando para a passividade de seus educandos e a manutenção de suas limitações.

Temos nesta proposta algumas abordagens específicas. Estas são:

Educação SOBRE o movimento – na qual os temas tratados estão relacionados com: cinesiologia, anatomia, fisiologia, história, psicologia “do esporte” etc..
Aprender sobre o organismo ou o chamado “corpo biológico” e a relação com suas mudanças, ou seja, seus movimentos.

Educação ATRAVÉS do movimento – na qual se trata da reflexão de valores, como saúde, doença, estética, ética, tempo livre, socialização etc.. Aprender que todo movimento e gesto têm inculcado valores, que traduzem uma cultura e muitas vezes os praticamos sem questionamento ou crítica, ficando apenas reproduzindo-os.

Educação PELO/EM movimento – na qual enfoca a participação ativa no movimento, implicando no conhecimento de si e do outro, do mundo. Neste se projeta o autoconhecimento e a terapêutica, no sentido em que se identifica motivos para se continuar ou mudar, juntamente com o “fazer” coerente com estas forças.

Com o intuito de provocar e propocionar movimento aos educandos, nas suas diversas formas (ou seja, didaticamente: tanto movimentos “corporais” tanto como de “pensamentos e sentimentos”), é que temas, conteúdos e metodologias foram escolhidos.

Introdução do Planejamento Anual para a Educação Física no Nono Ano do Ensino Fundamental, do Prof. Bruno.

Pressão Arterial (PA) e Frequência Cardíaca (FC)

Uma onda de sangue entra na aorta com cada contração do ventrículo esquerdo, distendendo o vaso e gerando pressão em seu interior. O estiramento e subsequente recuo da parede aórtica propagam-se como uma onda através de todo o sistema arterial. A onda de pressão aparece prontamente como um pulso nas seguintes áreas: a artéria radial superficial pelo lado do punho que corresponde ao polegar, a artéria temporal (ao lado da cabeça na têmpora) e a artéria carótida ao longo da parte lateral da traquéia. Nas pessoas saudáveis, a frequência do pulso é igual à frequência cardíaca.

(fonte: McArdle, William D.; KATCH, Frank I.; KATCH, Victor L.. Fundamentos de fisiologia do exercício. 2.ed. (tradução: Giuseppe Taranto) Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000.)

Os EUA estão doentes - Boaventura de Sousa Santos

Em sentido metafórico, a sociedade norte-americana está doente por muitas razões. Há mais de trinta de anos passo alguns meses por ano nos EUA e tenho observado uma acumulação progressiva de "doenças", mas não é delas que quero escrever hoje. Hoje escrevo sobre doença no sentido literal e faço-o a propósito da reforma do sistema de saúde em discussão final no Congresso. As lições desta reforma para o nosso país são evidentes. Os EUA são o único país do mundo desenvolvido em que a saúde foi transformada em mercadoria e o seu provimento entregue ao mercado privado das seguradoras. Os resultados são assustadores. Gastam por ano duas vezes mais em despesas de saúde que qualquer outro país desenvolvido e, apesar disso, 49 milhões de cidadãos não têm qualquer seguro de saúde e 45 mil morrem por ano por falta dele. Mais, a cada passo surgem notícias aterradoras de pessoas com doenças graves a quem as seguradoras cancelam os seguros, a quem recusam pagar tratamentos que lhes poderiam salvar a vida ou a quem recusam vender o seguro por serem conhecidas as suas — condições pré-existentes“, ou seja, a probabilidade de virem necessitar de cuidados de saúde dispendiosos no futuro.

A perversidade do sistema reside em que os lucros das seguradoras são tanto maiores quanto mais gente da classe média baixa ou trabalhadores de pequenas e médias empresas são excluídos, ou seja, grupos sociais que não aguentam constantes aumentos dos prémios de seguro que nada têm a ver com a inflação. No meio de uma grave crise econômica e alta taxa de desemprego, a seguradora Anthem Blue Cross - que no ano passado declarou um aumento de 56% nos seus lucros - anunciou há semanas uma alta de 39% nos preços na Califórnia, o que provocaria a perda do seguro para 800.000 pessoas. A medida foi considerada criminosa e escandalosa por alguns membros do Congresso.

Por todas estas razões, há um consenso nos EUA de que é preciso reformar o sistema de saúde, e essa foi uma das promessas centrais da campanha de Barack Obama. A sua proposta assentava em duas medidas principais:criar um sistema público, financiado pelo Estado, que, ainda que residual, pudesse dar uma opção aos que não conseguem pagar os seguros; regular o sector de modo que os aumentos dos planos não pudessem ser decididos unilateralmente pelas seguradoras. Há um ano que a proposta de lei tramita no Congresso e não é seguro que a lei seja aprovada até à Páscoa, como pede o Presidente. Mas a lei que será aprovada não contém nenhuma das propostas iniciais de Obama. Pela simples razão de que o lobby das seguradoras gastou 300 milhões de euros para pagar aos congressistas encarregados de elaborar a lei (para as suas campanhas, para as suas causas e, afinal, para os seus bolsos). Há seis lobistas da área de saúde registrados por cada membro do Congresso. Lobby é a forma legal do que no resto do mundo se chama corrupção. A proposta, a ser aprovada, está de tal modo desfigurada que muitos setores progressistas (ou seja, setores um pouco menos conservadores) pensam que seria melhor não promulgar a lei. Entre outras coisas, a leib "entrega" às seguradoras cerca de 30 milhões de novos clientes sem qualquer controle sobre o montante dos planos. Os EUA estão doentes porque a democracia norte-americana está doente.

Que lições? Primeiro, é um crime social transformar a saúde em mercadoria. Segundo, uma vez dominantes no mercado, as seguradoras mostram uma irresponsabilidade social assustadora. São responsáveis perante os acionistas, não perante os cidadãos. Terceiro, têm armas poderosas para dominar os governos e a opinião pública. Em Portugal, convém-lhes demonizar o SNS só até ao ponto de retirar dele a classe média, mais sensível à falta de qualidade, mas nunca ao ponto de o eliminar pois, doutro modo, deixariam de ter o "caixote do lixo" para onde atirar os doentes que não querem.Os mais ingênuos ficam perplexos perante os prejuízos dos hospitais públicos e os lucros dos privados. Não se deram conta de que os prejuízos dos hospitais públicos, por mais eficientes que sejam, serão sempre a causa dos lucros dos hospitais privados.

Boaventura de Sousa Santos é sociólogo e professor catedrático da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (Portugal).

fonte: http://www.cartamaior.com.br/templates/colunaMostrar.cfm?coluna_id=4564&boletim_id=656&componente_id=10957

sugestão de filme: "SICKO", de Michael Moore.

"Overdose" de internet diminui capacidade de concentração dos adolescentes

Estudantes britânicos estão perdendo capacidade mental para assuntos acadêmicos, devido ao uso exagerado da internet para pesquisas, de acordo com o documentário inédito “The Virtual Revolution”, produzido pelo canal BBC2.

Especialistas no assunto apontam que o fato de os usuários navegarem por vários sites faz com que eles não se concentrem em um objeto de estudo, como por exemplo a leitura de um livro. As informações são do site britânico “Daily Mail”.

Esta nova forma de associar as idéias, que a internet proporciona, faz com que a maioria dos estudantes tenha dificuldades em disciplinas lineares como leitura e escrita.

Segundo psicólogos, em menos de três anos, milhares de adolescentes britânicos necessitarão de tratamento médico causado pelo uso excessivo da internet.

O documentário, produzido pela rede britânica, foi feito em parceria com o professor David Nicholas, da University College of London, que fez um estudo sobre o impacto da internet em nossos cérebros.

O estudo consistiu em fazer uma série de perguntas para serem respondidas no computador a 100 voluntários. Os mais jovens (com faixa etária entre 12 e 18 anos) responderam às perguntas consultando metade das páginas que pessoas mais velhas levaram para responder as mesmas perguntas.

Outra constatação do Profº Nicholas é que 40% dos jovens nunca revisitaram a mesma página da internet. Em contraposição, pessoas que nasceram antes da era da internet costumam consultar as mesmas fontes de pesquisa.

“A grande surpresa é que as pessoas acessam sites como se fossem paisagens virtuais. Ficam pulando de uma página para outra e ninguém fica por muito tempo”, concluiu o especialista.

documentário: “The Virtual Revolution – Homo Interneticus”

http://tecnologia.uol.com.br/ultimas-noticias/redacao/2010/02/10/internet-faz-estudantes-perderem-capacidade-de-concentracao.jhtm