quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Grandes jogos e Política do pão e circo

Durante a realização dos grandes jogos na Antiguidade, as guerras e as demais batalhas que estivessem ocorrendo ficavam suspensas. A Grécia e os povos dominados por ela travavam guerras, tanto interna (entre si) como externamente (contra outros impérios). Assim, os jogos serviam muitas vezes para a resolução de problemas políticos em favor da estabilidade do império grego. Já naquele tempo, se praticava o que se chama de política do “pão e circo”; que correspondia em medidas de promoção da alimentação dos povos e cidadãos gregos junto com a promoção de diversão – no caso, os grandes jogos da Antiguidade. Esta “política” servia então para “anestesiar” a população de seus problemas cotidianos, e que muitas vezes estava envolvida em guerras, fome e disputas de poder.

Na era moderna, o Barão de Cobertin retoma os jogos atribuindo-lhes valores “educacionais” e de congregação dos povos do mundo, tanto que os primeiros jogos foram realizados com atletas amadores. Estes valores, reunidos na “filosofia do olimpismo”, utilizariam o esporte para a “formação de uma consciência pacifista, democrática, humanitária, cultural e ecológica por intermédio da prática esportiva”.[i]

Esta política também está presente hoje e com uma nova apresentação. Num mundo cheio de dilemas como o que vivemos é pertinente oferecer grandes jogos como diversão e distração para as populações. O mundo parece marcado pelos eventos esportivos mundiais, como as Copas do Mundo e os Jogos Olímpicos. Enquanto estes jogos acontecem, esquecemos de nossa vida e que nada mudará após algum atleta ganhar ou perder alguma medalha.

É possível perceber a importância desses jogos e dessa política através do investimento neles. Além de grandes empresas patrocinarem atletas, de vários programas ditos “sociais” realizados pelos governos (no caso do Brasil), a grande mídia (apoiando propagandas) coloca em evidência o esporte como resposta a todo tipo de problema: social, educacional, de saúde, psicológico etc.. Ainda temos os Governos investindo alto neste fenômeno, enquanto investe baixo em educação e saúde, por exemplo. Nosso exemplo mais próximo disso é o Pan Rio2007, em que a agenda social foi vulgarizada, tendo apenas alguns pontos (os menos importantes) cumpridos.

Já a China2009, desde 2001 gastou por base 53 bilhões no evento, no entanto, a maior parte dos problemas permanece. O que mudou realmente foi a estrutura esportiva do país, assim como da cidade do Rio. Mesmo assim, as pessoas se sentem orgulhosas em sediar estes eventos.

Essa mesma população orgulhosa é quem paga pelo evento, muitas vezes triplamente (pelos impostos, pagamento de ingressos e pelo voluntariado), mas de fato, ganha quase nada. Quem ganha mesmo é quem aplica esta política: governo e grandes empresas (patrocinadoras, de comunicação, turismo etc.).

[i] Cartilha sobre “Olimpismo”, elaborada pelo COB. Disponível em:

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