segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Manifesto entregue à Direção em 2008, sobre a possível criação de um estacionamento em espaços pedagógicos do CEDC

Da necessidade do espaço... para quem?

Tendo em vista o momento, a indignação e as possibilidades de aproveitamento do espaço em questão, resolvemos, enquanto agentes de construção de nossa realidade, problematizar o assunto elegendo alguns pontos tratados como marginais, passados de forma despercebida, desprovidos muitas vezes de reflexões e fundamentos – para devidos esclarecimentos:

Acerca do território: com a urbanização desordenada e a crescente e despropositada privatização dos espaços públicos, cada vez mais temos cada vez menos espaços de encontro, de onde trocas de experiências e contato entre pessoas e/ou com o meio “natural” ficam em posição de difícil concretização. Especialmente com relação aos espaços escolares, que muitas vezes são (1)só espaços mesmo, sem ligações com os seres agentes que o fariam território, ou (2)nem existem – temos de forma “abençoada” (3)o território enquanto toda a escola. Felizmente, os espaços desta escola são territórios, locais onde acontecem encontros com certas dinâmicas e agentes específicos.

Acerca dos agentes: as pessoas que temos como referência ao uso do território em questão são principalmente professores e estudantes, ou seja, os eventos que ocorrem neste local são AULAS.

Acerca de algumas especificidades: a disciplina escolar que mais necessita do espaço é a Educação Física. esta ainda se encontra, e de forma extrema, marginalizada nas escolas. Na maior parte das escolas públicas não há espaços para a especificidade pedagógica – que está na relação do ser humano e o seu movimento. Quando há esses espaços, são precários. Quando não o são, há pouco ou nenhum equipamento auxiliar (como bolas, tatames etc.). Muitas vezes as aulas acontecem fora do território escolar, com a apropriação provisória de outros espaços públicos, como praças – no entanto, cada vez mais temos cada vez menos praças e campos devido à já citada urbanização e privatização destes espaços.
Especialmente nesta escola e devido ao seu próprio porte, sempre há a necessidade de rodízio dos espaços disponíveis, inclusive entre professores de outras disciplinas. A qualidade não só das aulas, mas até dos relacionamentos de professores e estudantes está relacionada também com estas demandas.

Acerca da banalização da educação pública: nota-se claramente, e não é preciso dados estatísticos ou pesquisas, o descaso diante da educação publica, com ênfase nos locais menos abastados, nos aparelhos escolares e com os profissionais de educação inseridos nestes. Nota-se também que verbas não faltam, haja vista, por exemplo, o valor de cada barril de petróleo produzido no estado do Rio de Janeiro, além dos impostos e royalitys gerados a partir desta produção. Além de sustentar campanhas de redução de orçamento das escolas (ao invés de aumentá-los!), o governo estadual mantém uma das mais baixas remunerações da área, seja para qual for o profissional da educação em questão (em especial para os professores).

Temos assim alguns contrapontos e propostas:
1.a diminuição de espaços disponíveis diminui também a construção de territórios, que diminui a possibilidade de momentos e encontros, separando os agentes destes e impedindo trocas – POR ISSO, além de necessitarmos do espaço em questão, precisamos de todo espaço pertencente à escola, assim como todo seu potencial;
2.com a construção de estacionamento ou outra coisa qualquer (que a escola e seus agentes dispensam) haveria a diminuição de encontros ao ar livre, já que professores cada vez mais teriam que trabalhar com rodízios de espaços – POR ISSO o espaço deve ser mantido e organizado pelos agentes escolares, umas vez que um estacionamento não há estes, mas sim veículos que se quer têm relação com estes;
3.precisamos sim de mais investimentos e verbas, e não distorções na utilização dos espaços escolares, que através de medidas arbitrárias criariam privilégios de certos setores, em detrimento da qualidade da educação – AFINAL, um espaço que é público estaria atendendo uma minoria, privada, pois quem o usaria seriam os donos de veículos;
4.desejamos o não-sucateamento de nossa escola e sim a valorização de todos os seus agentes... (em termos emocionais, é quase uma ofensa a construção de um estacionamento em detrimento de um espaço de aula, enquanto os profissionais desta escola se quer têm vale-transporte, quanto mais um veículo para estacionar).

E que a sensatez prevaleça!
E VIVA a educação pública!

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