segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Intervenções e (a falta de) apoios político-pedagógicos

Temos vivido uma época em que muitos procuram se isentar de responsabilidades. Esta nunca é própria, sempre é do outro. Como se sua participação intencional neste mundo simplesmente não acontecesse ou fizesse efeito. Em termos macro-políticos temos o modelo neoliberal como face do capitalismo, no qual o Estado (Governo) procura minimizar sua atuação na sociedade; na verdade, suas intervenções ficariam reduzidas aos seus interesses. Por exemplo, o que o governo do Estado do Rio de Janeiro tem feito com a educação pública. Primeiramente, em sua campanha eleitoral fez promessas “clássicas”; depois começou com a tal “modernização” da educação pela via da “informatização”; em seguida ameaçou as merendas; e neste momento apronta com os profissionais da educação com nada menos do que um “clássico” arrocho salarial.

Uma das poucas respostas que nós, profissionais de educação, podemos dar a tudo isso é a GREVE. É preciso que todos aqueles que fazem suas escolas: professores, serventes, porteiros, seguranças, coordenadores, diretores e especialmente estudantes – estejam conscientes desta situação e manifestem-se juntos contra as medidas do Governo Estadual do momento. Infelizmente não é isso que vemos... quando existe alguma mobilização, é feita por alguns professores de algumas escolas. Felizmente, estes poucos são suficientes para impedir algumas medidas, no entanto, se fossem todos os grupos fazedores das escolas nossa luta teria muitas vitórias como certas! A greve é apenas uma face de tudo o que tem acontecido em nossa escola.

As obras de “climatização” e da “informatização” da escola têm dado o que falar. Pelo menos para a disciplina Educação Física! Sobre a climatização o que temos a dizer é que a quadra, uma SALA DE AULA, tem sido usada como canteiro de obras, com direito aos trabalhadores da obra de ocuparem um vestiário de estudantes (!). Somos professores considerados “abençoados”, pelo fato de termos um espaço similar para nossas práticas pedagógicas. A maior parte das escolas não possui.
Mas qual é o preço dessa climatização? Para começar, quem disse que ar-condicionado é sinônimo de qualidade da educação? Por que fazer estas obras durante o ano letivo?

Os famosos computadores portáteis que os professores “tomam conta”, também é um outro drama. Agora temos outros computadores, instalados em sala e em todos os lugares da escola que precisar de identificação. Um controle excessivo em nome de uma falsa melhoria da educação. Fiquei sabendo que as chamadas deverão ser feitas por cada tempo de aula, isso fará com que tenhamos cada vez menos tempo de aula. O curioso é que esses computadores ficarão nas salas: a quadra não é considerada sala de aula!(?) Novamente, a (já muito) marginalizada disciplina Educação Física sendo prejudicada por sua especificidade. Imaginem a cena de vai pra quadra, vai pra sala, quadra, sala...

Outro detalhe que altera demais a dinâmica dentro da escola: os professores que merendam ficariam sem merenda, pois não teriam mais direito(?). Ora, a merenda é para toda a comunidade escolar, a comida é inclusiva, não pode ser exclusiva. Lembrando que os irrisórios reais com que o Governo paga aos profissionais também não têm incluído nenhum auxílio: vale-creche, maternidade, cultura, transporte, alimentação...

Há muitas outras reivindicações feitas pelos professores de Educação Física de nossa escola. Pelo menos desde 2008 temos pedido:
- a limpeza permanente da quadra;
- a remoção dos entulhos localizados atrás do muro da quadra (inclusive focos de mosquitos e outros animais);
- a derrubada deste mesmo muro para a construção de uma arquibancada para as aulas;
- a reforma e a limpeza permanente dos vestiários da quadra;
- a reestruturação do vestiário utilizado como sala de professores na quadra, como a criação de um lugar próprio de armazenamento de material didático, o conserto da porta etc.;
- o conserto da calha d’água e das goteiras da cobertura, assim como do relevo da laje (que produz poças e possíveis focos de mosquitos);
- uma aparelhagem de som fixa na quadra ou especialmente disponível para aulas nela, como amplificadores, rádios e microfones – entre outros materiais didáticos que não seriam “bolas”.

Diante disso tudo, o que desejamos de toda a Direção e toda a Escola é a participação, o apoio e as intervenções necessárias diante dessas manobras do Governo. Os computadores e os aparelhos de ar são “alugados” (quem ganha com isso?) e o arrocho salarial atinge a todos. É preciso lutar! Viva a Educação (Física) Pública!

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