quinta-feira, 13 de maio de 2010

Grandes jogos e Política do pão e circo VERSÃO 2010

O mundo europeu da Antiguidade teve impérios como o Grego (e o Romano, em seguida), que viviam de guerras. Era preciso manter o controle da população diante disso, que provocava fome, morte, escravidão. Os filósofos da época, ao atentarem para as medidas dos governantes para este controle, as chamaram de “política do pão e circo”. Para amenizar e “anestesiar” a população de seus problemas cotidianos, os governos promoviam cada vez mais os chamados “grandes jogos”, que a princípio tinham caráter festivo e de louvação aos deuses. Durante a realização destes, as guerras que estivessem ocorrendo ficavam suspensas. Aos jogos, que eram a própria diversão das massas, somava-se redistribuição de alimentos. Problemas “políticos” podiam ser resolvidos; e a estabilidade dos impérios, garantida.
Na era moderna, o Barão de Cobertin retoma os “grandes jogos” atribuindo-lhes valores “educacionais” e de congregação dos povos do mundo, tanto que os primeiros jogos foram realizados com atletas amadores. Estes valores, reunidos na “filosofia do olimpismo”, utilizariam os jogos para a “formação de uma consciência pacifista, democrática, humanitária, cultural e ecológica por intermédio da prática esportiva”.

No entanto, apesar destes ideais, o que realmente foi retomado, com uma nova apresentação, se chama “política do pão e circo”. Promover a diversão de países do mundo todo através de disputas esportivas é pertinente quando existem poucas pessoas privilegiadas e a maioria sem suas necessidades vitais e básicas concretizadas. Percebe-se que o mundo está marcado por alguns campeonatos mundiais, e outros regionais e locais. Enquanto estes jogos acontecem, nos esquecemos de nossos problemas e que nada mudará após algum atleta ganhar ou perder uma medalha.
É possível perceber a importância desses jogos e dessa política através do investimento neles. Além de grandes empresas patrocinarem atletas, de vários programas ditos “sociais” realizados pelos governos, os grandes meios de comunicação colocam em evidência o esporte como resposta a todo tipo de problema: social, educacional, de saúde, psicológico etc.. Se investe muito neste fenômeno e pouquíssimo em educação e saúde: com o dinheiro gasto para a realização destes eventos, se poderia revolucionar os sistemas públicos de educação, saúde, transporte etc..

Nosso exemplo mais próximo é o Pan-Rio2007, em que a “agenda social” foi vulgarizada, tendo apenas alguns pontos (os menos importantes) cumpridos; e o orçamento estourado, se gastando mais que 10 vezes o planejado. Já a China2009, desde 2001 gastou por base 53 bilhões no evento e a maior parte dos problemas permanece. A estrutura esportiva do país, assim como da cidade do Rio, é que foi mudada. Mesmo assim, as pessoas se sentem orgulhosas em sediar estes eventos. É essa mesma população quem paga pelo evento, de diversas formas (impostos, pagamento de ingressos, voluntariado), mas, de fato ganha quase nada. Quem ganha mesmo é quem aplica esta política: governo e grandes empresas (patrocinadoras, de comunicação, turismo etc.).

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